Sábado, 12 de Outubro de 2024

Parlamentares e militantes petistas ocupam praça em apoio a Lula

Publicado em 12/09/2015
Por Jailson Dias
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Militância reage a condução do presidente Lula/portalaz.com.br

Senadores, governadores, deputados e vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT) estão se manifestando, em entrevistas e redes sociais, sobre a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para prestar depoimento à Polícia Federal, nesta sexta-feira (4). Cerca de 150 militantes e alguns parlamentares se reuniram, esta tarde, na Praça da Liberdade, em Teresina, para defender o ex-presidente.

A senadora Regina Sousa (PT), avaliou que a condução coercitiva foi desnecessária, beirando a irresponsabilidade. “A intenção era fazer um espetáculo midiático, como de fato ocorreu. Acordaram um cidadão de 70 anos para prestar depoimento, quando ele nunca se negou a fazê-lo”, declarou.

Regina Sousa classificou o tratamento dispensado ao ex-presidente como sendo uma perseguição das elites, da Rede Globo e da direita brasileira. “Isto é uma perseguição, um golpe civil em curso”, relatou.
 
O deputado estadual, João de Deus (PT), também presente na manifestação a favor de Lula, destacou o movimento como sendo a primeira reação das lideranças do PT, do PCdoB e da CUT diante das últimas ações da Operação Lava Jato. “A manifestação é contra uma articulação política que, a rigor, tinha o objetivo de combater a corrupção, mas que no fundo a intenção é pegar a presidente Dilma e o ex-presidente Lula, além de passar para a opinião pública que eles não passam de cafajestes, pessoas que não têm nenhum compromisso com a sociedade brasileira”, declarou.

Já o governador Wellington Dias (PT), em entrevista na manhã desta sexta-feira, lembrou a sua história de militância junto ao ex-presidente. “Trabalho com Lula há muito tempo. Eu conheço a sua história. A condução foi arbitrária e ilegal”, declarou.

O vereador Dudu (PT), por sua vez, se manifestou em sua página do Facebook, apoiando o ex-presidente. “Entendo que este tipo de manobra é nociva à nossa democracia. Aumenta o acirramento interno e nos desmoraliza no contexto econômico, nos fragilizando e dando voz a grupos extremistas. Nenhum desses ataques ao nosso ex-presidente, que acontece de maneira sistemática, é despropositado. É uma disputa espúria pelo poder e que pouco se relaciona com a Justiça, de fato. O PT do Piauí não irá se calar diante de tantos absurdos! Estamos juntos nessa luta! Conte conosco, Lula!”, finalizou.
 
Militantes do PT em Teresina, que estavam reunidos na Praça da Liberdade para apoiar Lula e repudiar as ações da Lava Jato, seguiram à sede do partido para planejar o ato do dia 31 de março em defesa do ex-presidente. Militantes também anunciaram que Lula foi convidado a visitar a capital, dia 13 de março, quando participaria de uma caminhada em Teresina e da solenidade da Batalha do Jenipapo, em Campo Maior.

"O que nós estamos condenando é a falta de regras legais", diz Wellington
(Atualizada às 16h35)

O governador do Piauí, Wellington Dias, avalia que a condução coercitiva, nesta sexta-feira, 4, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para prestar depoimento à Polícia Federal, foi uma ação arbitrária e ilegal. Ele lembrou que Lula tem colaborado com a Justiça em todas as investigações, inclusive desde a época em que atuava no movimento sindical, ultrapassando a ditadura e em muitos momentos da sua vida.

“O fato concreto é que ele, somente nos últimos anos, já prestou depoimentos quatro, cinco vezes, sobre essas acusações do sítio, do apartamento para o Supremo. Eu considero um ataque, um desafio feito por uma primeira instância do Brasil ao Supremo. É preciso refletir sobre isso. Tente imaginar se isso vira moda. Todos os juízes do Brasil resolvem fazer prisão coercitiva em situação em que as pessoas são voluntárias.”

Neste momento, segundo Wellington Dias, é preciso estar “alerta”. “O que mais me preocupa é com o silêncio dos justos. É preciso que pessoas que vivenciaram como eu a ditadura possam estar atentos ao que está acontecendo nesse instante no Brasil.”

Ato político

Questionado se as críticas do PT classificando a condução coercitiva de Lula como um ato político não é incoerente com o discurso do Governo Federal, que vem dizendo que as instituições são respeitadas, Wellington Dias argumentou que “onde houver crime tem que haver punição”.

No entanto, o governador do Piauí, afirmou que há um principio constitucional que se diz que há o ônus da prova para que se tomem medidas.  “O que nós estamos condenando é a falta de regras legais”, enfatizou o governador.

“Quem pode a partir de um ato como esse fazer nesse instante com o presidente Lula, com a sua esposa, dona Marisa, Clara Ant, uma pessoa que atuava lá com ele. Estamos falando de um ato intimidador, inclusive a prisão como forma de tortura psicológica com o objetivo de um processo judicial”, salientou ele.

Nada comprovado

Wellington Dias enfatizou que não há nada comprovado contra o ex-presidente Lula.  Assim como, ele entende que “não há qualquer crime comprovado contra José Genoino, que foi desse parlamento”, disse.

Na visão de Wellington Dias, um juiz que precisa usar de linhas arbitrárias como as usadas no caso do Lula, na verdade é que lhe falta competência. Ele considera que com tudo que tem de instrumento jurídico, hoje, é preciso usar instrumentos da ditadura, que não tem nada a ver com a democracia, para poder arrancar provas. “É isso que eu acho que a gente tem que condenar”, frisou.

Oposição sem “tripudiar”

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que a oposição brasileira não irá tripudiar, nem “tampouco sapatear no governo” com a situação atual de crise no Governo Federal. Ele enfatizou que o momento é grave e exige “muita firmeza” e “responsabilidade”. Quanto antes, dentro da Constituição, é preciso encontrar uma saída para esta situação que se agrava a cada. “Existe um movimento que aparentemente é paradoxal”, disse.

Cássio Cunha Lima lembrou que quanto mais frágil fica um governo melhor reage e economia. “Precisamos entender portanto que é o desfecho dentro da Constituição, seja através do impeachment ou através de novas eleições que apontará a saída para crise política do País”, projetou.

No entendimento do líder tucano, fica cada vez mais latente que a eleição de 2004 foi viciada pelo abuso de poder político e abuso de poder econômico. Ainda mais com as revelações da delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que serão analisadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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