Domingo, 16 de Novembro de 2025

Confira os artigos da 59ª edição

Publicado em 18/08/2015
Por Marta Soares
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Orlando Berti e Graça Moura/Arquivo pessoal

RIR FAZ BEM
*Por Graça Moura  

Sei dos efeitos benéficos e terapêuticos do riso, na vida de todos os seres humanos. Sei da maravilha que é o convívio com pessoas leves, alegres e comprometidas com uma vida saudável. 

Sei também dos milhões de motivos para o choro, o sofrimento, a dor... Hoje, o stress crônico é considerado um dos principais fatores de risco para a saúde, não só pela ação dos hormônios, mas, por potencializar muitos outros fatores de risco, entre eles, o mau humor. 

O mau humor, além de produzir constrangimentos, afastar pessoas, faz um mal danado, e, o que é pior, pode matar... As evidências agora são científicas. 

Nosso sistema imunológico é extremamente sensível às emoções. É importante que a gente se dê conta de que aborrecimentos e problemas provocam baixas imunológicas, que fragilizam a saúde e que podem levar as pessoas a um maior risco cardíaco, (os cardiologistas que o digam...). 

Pois é, pessimismo, aborrecimentos e tristeza não pagam dívidas, não resolvem pendências, não melhoram as condições financeiras de ninguém, não produzem resultados favoráveis ao caos pessoal ou existencial. Ao contrário, só complicam o que já está difícil porque, literalmente, embaçam a capacidade de discernir e resolver questões sérias da vida de qualquer ser humano. 

Quem não sabe que pessimismo, desânimo e, tristeza não leva ninguém a lugar nenhum? Só produzem disfunções mentais que vão corrompendo a serenidade, a tranquilidade a harmonia espiritual e facilitando o aparecimento ou agravamento de doenças? 

Aborrecimentos, pessimismo, raiva, podem SIM, enferrujar as “engrenagens da alma”. Atrapalham toda perspectiva de sucesso e realização criativa. Sem que se perceba vão minando silenciosamente tudo de bom que uma pessoa tem, inclusive a possibilidade de ela ser feliz. 

O riso, a descontração, a alegria, atuam de modo oposto. Não enfraquecem. Fortalecem e dão sustância ao sistema imunológico e consequentemente previnem doenças. 

Em qualquer cultura o riso chamado aberto, sem reserva, é um convite interessante, à alegria, à realização, à vitória e ao sucesso. 

O riso extravasa a energia positiva. “A troca dessa energia entre as pessoas, harmoniza o ambiente e combate a poluição mental e espiritual”. 

O riso é um convite à alegria, é um aceno à criança livre que vive dentro de cada um de nós. Ai de quem mata a criança que existe dentro de cada um... Vamos rir juntos? Rir e descontrair. Trazer o riso em meio às provocações! Buscar o riso para que possamos caminhar mais leves e menos tensos. Rir também como indenização, como desagravo. Trazer o riso e buscar o riso para que nossa alegria proteste contra blasfêmias, calúnias e maus tratos. 

Rir, enfim, simplesmente porque o riso é bom... E RIR FAZ BEM. Que possamos rir muito, sempre. 

*Graça Moura é psicóloga, formada pela Universidade Federal de Pernambuco

:::ARTIGO:::
Enquanto taxistas e outras pessoas de bem choram: bandidos desfilam no trio elétrico da impunidade
Por: Orlando Berti

Um trabalhador tombou. Um batalhador não faz mais parte dos vivos. Uma pessoa de bem agora está em um caixão. Uma pessoa que lutava pelo sustento de uma família não pode mais atuar. E sabem por qual motivo? Por que foi calado com um balaço. Por que a violência de Teresina, a dita capital mais desenvolvida do Nordeste e também uma das 30 capitais mais violentas do Mundo, fez mais uma vítima. À luz do dia, à sobra da impunidade e bem pertinho do carnaval da bandidagem.

Um desses trabalhadores não voltou mais vivo para casa. O gráfico e taxista José Wilson Teixeira, 60 anos, faz Teresina chorar. Mais que choro, a cidade está revoltada. É mais um a entrar nas estatísticas e que nos fazem perguntar: que mundo é esse? Que capital do Piauí é essa? E, a mais forte de todas: por que sempre ficamos parados?

Gente boa, trabalhadora e que acompanhou gerações de jornalistas, milhares de pessoas em suas corridas de táxi e que tentava ser apenas mais um cidadão latino-americano, trabalhador, que às vezes não tinha tanto dinheiro no bolso. José Wilson Teixeira andava em Teresina em um táxi. Foi o quarto profissional da área assassinado nos últimos meses. Novamente o autor: um menor de idade, um rapazote que poderia estar jogando futebol, ajudando idosos, estudando para ser “dôtô”. Não, um jovem que matou porque queria ter dinheiro para passar um Carnaval esbanjando.

Fez o Carnaval de muita gente ser de luto. Proporcionou mais medo aos taxistas e suas famílias. Prejudicou milhares de usuários desse tipo de transporte público. Muitos hoje derramam lágrimas por esse pai de família, profissional, gente boa. Nos faz perguntar por quê?

Porque nossa sociedade está de cabeça para baixo, porque os valores materiais são mais importantes do que o amor. Porque mata-se um ser humano como fuma-se um cigarro ou pisa-se em uma barata. Porque bandido desfila de trio elétrico, samba na cara da sociedade, grava vídeo, paga de “moral” e ainda fica solto, sendo considerado “mano”, “gente fina” e “caba dos bom”. Porque a polícia prende (e o acusado de matar José Wilson Teixeira foi para o xilindró momentos depois) mas forças, sabe-se lá de onde, tiram. Porque vivemos em uma sociedade em que quem perde é quem morre. E quem mata fica solto, pronto para matar mais.

Coaduno com as palavras emocionantes do presidente do Sindicato das Cooperativas de Teresina, Pedro Ferreira, eterno lutador. Já vi esse homem chorar muito, lutar muito pela categoria. E o que acontece: taxistas com medo de trabalhar, sociedade com medo de sair de casa e bandidos ostentando.

Trios elétricos, piscina, carnaval, mulheres, seios à mostra, carros novos. Tudo sambando na cara da sociedade, a mesma sociedade que chora, e muito, mas que se acostuma. Será que esperará morrer mais pais de família, mais cidadãos? Lembrando que os próximos podem ser eu, você, um parente, um amigo...

E assim o Bloco da Impunidade cresce, desfila, toca o tom, enquanto que as pessoas de bem vão para o retiro: do medo, da angústia, das prisões domésticas. Que valores são esses? Vá com Deus, José Wilson! E que sua morte não seja mais uma entre as tantas. Que seu cadáver descanse em paz e seja símbolo para as mudanças do estado de coisas de tanta imoralidade em nossa sociedade.

* Jornalista e professor universitário.

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