Domingo, 16 de Novembro de 2025

Confira os artigos da 58ª edição

Publicado em 30/07/2015
Por Marta Soares
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Orlando Berti, Graça Moura e Edimar Luz/Arquivo pessoal

Divulgação do resultado do Enem: o Inep brincou e sambou na cara de milhões de candidatos
Por: Orlando Berti*

Imagina só você passar um ano todo estudando (ou até mais que isso), investindo seu precioso tempo em atividades escolares, preparando-se para as provas de sua vida. Foi assim que milhões de brasileiras e brasileiras se submeteram durante todo o 2015, e farão durante todo o 2016.

Depois de ralarem, sofrerem pacas, serem alertados quase que umas mil vezes sobre a importância de não chegarem atrasados para o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio – o grande dia do resultado terminou sendo uma patuscada digna de dar inveja aos melhores palhaços. Só que tudo foi muito sem graça. Quem tanto exigiu que os candidatos chegassem cedo no dia das provas não cumpriu o dever de divulgar as notas. Esta sexta foi o dia D do teste de nervos.

Por que o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – órgão ligado ao Ministério da Educação não torna o processo de divulgação mais simplificado? Por que fazer milhões de candidatas e candidatos, suas famílias e ciclos amistosos sofrerem? Por que não divulgam essa bagaça logo cedo? E por que o sistema cai direto? Detalhe: todo ano é assim! E cada vez piora.

Foi o que passou durante toda esta segunda sexta-feira de 2016 as pessoas que fizeram o exame. Já não bastaram as polêmicas provas, as mais que polêmicas maneiras de corrigirem as redações e, no dia marcado par divulgação do resultado brinca-se, em linguagem contemporânea: samba-se, e não é na cara “dazinimigas” mas sim na cara de quem apostou muito de sua vida e futuro no concurso.

O que custa o INEP divulgar o resultado cedinho? O que custa, sabendo que o Brasil todo estará acessando o site, colocar servidores extras? Qualquer garoto de 15 anos sabe o que é fluxo de acessos. Mas parece que os gênios, só que não, do INEP não sabem.

Parece que o dia da divulgação do resultado do Enem é algo bem parecido com a Pátria Educadora, que bem que poderia ser também ser chamada de Pátria da Bagunça. E assim caminha nossa educação.

Boa sorte para quem conseguir ver o resultado do Enem...e muita paciência sobre o SiSu. Muitas energias positivas.

* Jornalista e professor universitário.

::::MENTE QUIETA::::
Por Graça Moura

“É tudo uma questão de manter, a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”... O ensinamento é antigo. Essa verdade cantada por Elis Regina na música Serra do Luar, também. Começam a serem científicas as evidências de que a felicidade é fruto do equilíbrio da mente, também!

A matéria de capa da revista Veja do dia 17 de setembro/03 é animadora. Não só por ser psicóloga congratulo-me, mas, principalmente pelo bem que produz esse tipo de matéria, que informa e desmistifica os juízos equivocados sobre o assunto.

Importante também pela visão que transmite sobre os livros de autoajuda. Como leitora contumaz desse tipo de literatura, sei do bem que fazem esses livros. Obviamente que nenhum deles lhe dá receitas prontas e muito menos não podem os livros de autoajuda operar milagres. Mas, abrem caminhos, despertam as pessoas para as possibilidades, e, sobretudo, refazem em muitos dos seus leitores, algo de vital importância para uma vida tranquila: a esperança.

Sou movida também a esperança e faço parte do bloco das Maria que têm a “estranha mania de ter fé na vida”. Outra informação importante que traz a matéria sobre o equilíbrio da mente, diz respeito à cientificidade que começam a dar a assuntos até bem pouco tempo olhados com reserva pela Comunidade Científica. Prova disso foi o Prêmio Nobel de Economia do ano passado, recebido por Daniel Kahneman, “por ter feito a integração de estudos psicológicos e econômicos” (Revista Veja).

E por fim, o que considero mais importante da matéria como um todo: é que ela aponta para uma verdade inquestionável: todo dia é dia de mudar. Tomara que os plantonistas da mesmice leiam a matéria e que ela lhes mostre também o que já sabem, mas não querem incorporar como verdade e saem por aí, se auto-enganando com afirmativas cansadas e sem sentido, do tipo: “nada muda”, “macaco velho não mete a mão em cumbuca”, “papagaio velho não aprende a falar” e a pior, fatal: “não, deixa pra lá eu já estou velho (a) demais para isso”...

Todo pode mudar, sim. E o melhor, em qualquer idade. Agora, não basta ser inteligente, tem que ter vontade. O que sei é que vale a pena mudar. Sei também, que pior do que não mudar é fingir que mudou. Não adianta nada. Por fim a melhor notícia: não existe limite para os que descobrem razões, motivos e significados para viver!
Viver vale a pena, simplesmente porque a vida é bela!
Que tal pensar nisso? Vamos lá, juntos?

Graça Moura é psicóloga, formada pela Universidade Federal de Pernambuco.

::::LEMBRANÇAS DO NOSSO REISADO::::
(*) Edimar Luz, é escritor/cronista, poeta, articulista, compositor, professor e sociólogo.

O reisado, que também é uma das múltiplas manifestações folclóricas que compõem nosso espaço cultural, teve origem nas festas portuguesas denominadas janeiras, que aqui em nosso país se celebravam e se festejavam ativamente até o final do século XlX, desde o Natal até o Carnaval. Hoje, até o dia 6 de janeiro, Dia dos Santos Reis.  

Como sabemos, reisado é uma dança dramática tradicional que consiste na adaptação coreográfica de romances e cantigas populares, com versos religiosos ou humorísticos em louvor dos Reis Magos, e, por isso, executada por grupos que cantam e dançam, sobretudo na véspera e no Dia de Reis, 6 de janeiro, tendo como acompanhamento instrumental, uma sanfona ou harmônica, zabumba etc., que animam/alegram as toadas dos reisados.

Convém esclarecer que este folguedo tradicional e de grande aceitação popular, e que, na realidade, também faz parte da nossa cultura, encontra-se, hoje, praticamente desaparecido e relegado ao esquecimento, em virtude de alguns fatores, entre os quais podemos citar: a falta de incentivo e principalmente a inexistência de interesse e de empenho das gerações mais jovens; e também as próprias vicissitudes que o tempo proporciona às sociedades humanas.

O reisado de Ipueiras era composto por um tocador de sanfona, ou harmônica, três caretas, grupos de galantes, damas, o lacaio, a burrinha... E o chamado “boi do reis”, que era representado de um modo geral por uma armação leve, recoberta de pano colorido e animada por um homem ágil  que ficava em seu bojo durante a apresentação. Quero lembras que o meu pai também foi por certo tempo, nas horas vagas e de descanso, ou em finais de semana, um dos integrantes do grupo de reisado do Bairro Ipueiras, na condição de tocador de harmônica, uma pequena sanfona de oito baixos, instrumento este também chamado aqui, de sanfona pé de bode. Aliás, todos os componentes do nosso reisado, eram membros da nossa família: Luz, Araújo, Moura, Rocha...

Na verdade, desde criança, tive a oportunidade e o prazer de assistir a várias apresentações do nosso grupo de Reisado, aqui mesmo no bairro Ipueiras, naquelas alegres e saudosas noites folclóricas do passado; e principalmente nas inesquecíveis e saudosas noites, na Noite de Reis. Desde então pude verificar e constatar a beleza e a importância das manifestações culturais de um povo, sobretudo quando dotadas e impregnadas de originalidade e/ou autenticidade, numa consonância quase indescritível.

Numa noite dos meados da década de 70, o Reisado do Bairro Ipueiras fez uma bela e memorável apresentação também no Campus Avançados/Projeto Rondon, no Bairro Junco, para o encanto e admiração dos universitários e universitárias goianas integrantes do projeto Rondon, em Picos. Lembro também que não paravam de fotografar, a todo instante tiravam fotos do Reisado; o flash das máquinas fotográficas misturava-se à luminosidade ambiental e ao brilho do reisado. E eu estava lá em meio ao público, assistindo àquele animado e belo espetáculo. E no centro de Picos, em dezembro de 1990, durante as festividades comemorativas do centenário da cidade, o nosso Reisado de Ipueiras, sob os aplausos do público presente, fez uma brilhante e inesquecível apresentação.

Convém esclarecer aqui, que é de capital importância a preservação da nossa cultura popular. Para isso, necessitamos do empenho e da colaboração de todos, para que possamos manter e perpetuar a história do nosso povo.

(*) Edimar Luz, é escritor/cronista, poeta, articulista, compositor, professor e sociólogo, formado em Recife – PE.

 

Comentários
Luis Evencio
16/01/2016 13:01:48
Edimar Luz, parabens!!!! O artigo escrito por ti retrata de forma perfeita o reisado. Isso nos faz relembrar grandes momentos no nosso querido bairro ipueiras. Valeu continue assim, grande escritor.