Violações dos direitos humanos em Picos são cometidas principalmente por parentes

A polêmica questão dos direitos humanos no Brasil é absolutamente incompreendida por parte da população, que entende essa conquista como uma garantia para quem comete crimes. Mas a luta pelos direitos dos seres humanos é bem mais complexa e ampla. Na cidade de Picos a maioria das violações contra a integridade física e psicológica dos cidadãos é cometida pelos próprios familiares das vítimas.

A titular da Coordenadoria de Livre Orientação Sexual e Direitos Humanos da Prefeitura de Picos, Jovanna Cardoso, informou em entrevista que muitos casos verificados na cidade dizem respeito a abusos cometidos contra os idosos. Pessoas de idade avançada acabam sendo vítima de filhos e até netos inescrupulosos que se apossam dos seus cartões da aposentadoria, sacam e ficam com todo o dinheiro. Este termina por ser utilizado até para compra de drogas.

Jovanna informa que os processos são acompanhados pela coordenadoria em sigilo, uma vez que as vítimas não podem ser expostas. “Não queremos expor as pessoas, mas esse é um trabalho da Coordenadoria e da Prefeitura de Picos”, comentou. O caso só é tornado público quando a tentativa de conciliação falha. Quando isso acontece os procedimentos legais ficam a cargo do poder judiciário.

Outras violações cometidas na cidade dizem respeito a expulsão por parte de familiares de meninas de orientação homossexual. Ou seja, os pais descobrem que possuem uma filha gay e não conseguem aceitar esta realidade, banindo-a da própria casa.

“Isso não é motivo para que uma pessoa seja banida da família, porque essa história de ser a favor da família, ninguém nasce da árvore, ninguém nasce do pó. O que nós pregamos é o respeito e aceitação das diferenças”, comentou Jovanna.

Em casos como esse a família é chamada para resolver a questão e aceitar novamente a filha. Inexiste a possibilidade do repúdio total. Em muitos casos, Jovanna explica que o “amor” dos pais acaba prevalecendo. Pela lei eles são responsáveis pelos filhos até os 21 anos, podendo ser encaminhados a justiça caso não o aceitem de volta.

Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão remonta ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o mundo tomou conhecimento do Holocausto judeu. Naquela ocasião a recém fundada Organização das Nações Unidas (ONU) apresentaria o conjunto de leis que zela pelos direitos das pessoas, independente de orientação sexual, religião, etnia, ou práticas condenáveis que tenham cometido.