Sábado, 12 de Outubro de 2024

Deficiente visual ganha a vida tocando violão e teclado nas calçadas de Picos

Publicado em 08/02/2015
Por Jailson Dias
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Valdemar ganha a vida tocando violão e teclado pelas ruas/Jailson Dias

Todos que transitam pelo movimentado centro de Picos já se depararam com um homem com deficiência visual tocando instrumentos musicais – violão e teclado – enquanto canta. Seu nome é Valdemar Dias da Silva, mas prefere ser chamado de “Ceguinho da Viola”, 38 anos. Natural de Oeiras, ele informou que reside aqui há nove anos, virando-se sozinho.

Em uma conversa bem-humorada Valdemar afirmou que é apaixonado e pretende se casar um dia. “Tenho vontade de arrumar uma mulher, mas a mulher que eu quero não me quer”, declarou.

Cego desde a infância Valdemar é autodidata, pois aprendeu a tocar violão sozinho, ainda no ano de 1992. Com o dinheiro de suas apresentações de rua ele conseguiu comprar um teclado, mas admitiu que ainda não domina esse instrumento. Ele afirma que aprende aos poucos, apertando as teclas e ouvindo as notas musicais. O fato de não enxergar não representa nenhum empecilho. “Oxente! Eu vou ouvindo as notas e pegando o ritmo. Vou ouvindo até me achar”, frisou.

O seu ponto preferido é a calçada da agência centro do Banco do Brasil, por ser um ponto de grande passagem de transeuntes. Ele afirma que recebe ajuda dos outros ambulantes que trabalham por lá. Estes não permitem que ninguém encrenque com ele. Valdemar é aposentado, mas como recebe apenas um salário mínimo, o trabalho como artista de rua contribui para o sustento.

O artista tem mãe e três irmãos, mas todos moram em outras cidades. Ele se vira sozinho nos afazeres domésticos, inclusive se desloca sozinho de sua casa até o ponto de trabalho. Seu equipamento de trabalho consiste de violão, teclado, pedestal e caixa de som. Geralmente permanece na calçada do Banco do Brasil até as 13h00, quando o sol está ficando mais quente.

“O primeiro violão que me deram foi um todo quebrado, aí um amigo me deu outro, mais ou menos novo, e depois meus amigos fizeram uma cota e me deram um novo, e faz mais de 15 anos que o tenho”, comentou.

Apesar de ter nascido sem os olhos, Valdemar Dias da Silva, o “Ceguinho da Viola”, não demonstra nenhuma espécie de ressentimento ou revolta, mostrando que o aparente problema não o impede de levar uma vida feliz.

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