Eu sei e você sabe todos nós sabemos, que atrelado à exigência de nossos direitos, há naturalmente a obrigatoriedade do respeito ao direito dos outros. Aqui, na minha amada Picos, fico me perguntando quando é que parte dos ilustres moradores dessa cidade, vão se tocar sobre o sagrado direito dos moradores dela, ao silêncio.
Existe em determinados bairros, em determinados bares, em determinadas praças, em determinados logradouros públicos um barulho quase insuportável... e às vezes, durante praticamente as vinte quatro horas ao dia...incrível, não? Alguns donos de paredões de som também desfilam pelas ruas da cidade, como se dono delas fossem... Sei não, mas cheira a omissão e conivência de tudo e de todos, diante da barbaridade reinante, nesse aspecto...
Vejo com tristeza esses “espetáculos”, diga-se de passagem, deprimentes! Tenho presenciado cenas quase que surreais. E as competições dos Paredões, que às vezes, de tão próximos, produzem uma salada, uma mistura grotesca de sons diversos que terminam inaudíveis, mas, desfilam pela cidade e às vezes se instalam em determinados pontos, incomodando a todos? Por vezes são tão altos que tenho a impressão de que são ouvidos a quilômetros de distância.
Confesso que sonho com uma legislação específica que possa coibir os abusos, os excessos... Mas, sonho, sobretudo com a tomada de consciência dos que inadvertidamente produzem mal-estar para tantos...
Penso que é possível sim, divertir-se e respeitar ao mesmo tempo o direito das pessoas. Mas para que isso aconteça, os que assim se divertem precisam efetivamente ter consciência absoluta de seus Direitos e de seus Deveres.
Concordo e assino embaixo do que escreveu o cientista e professor universitário Vasco Furtado, sobre o que ele, com propriedade chama de PAREDÕES DA INCIVILIDADE... “Paredões e outras paredes de incivilidade precisam ser derrubados. Poderíamos até leiloar pedaços desses paredões como procederam os europeus com cada tijolo do muro de Berlim. São paredes do subdesenvolvimento que precisam ser destruídas exemplarmente”.
Meu desejo é que se toquem os que ainda não se tocaram para importância do respeito aos decibéis que nossos ouvidos suportam e ajam no sentido de contribuir para o bem-estar da coletividade, sempre atentos aos DIREITOS E DEVERES deles e de cada um de nós.
Graça Moura
Psicóloga
Formada pela Universidade Federal de Pernambuco
CRP - 11/03068