Vim ao mundo em Junho de 1951 durante a guerra da Coréia onde havia um general, chefe das forças navais americanas no Pacífico, chamado Douglas MacCartney. Meu pai possuía um rádio e ouvia todos os dias as notícias da guerra e gostou do nome e me fez batizar. Mas o Padre Madeira bateu o pé: “— “Com nome de marca de pneu de avião, nesta igreja, eu não batizo!”. Depois de quase uma arenga, um acordo se fez e o padre perpetrou talvez o primeiro nome Douglas no Piauí na igreja Nossa Senhora dos Remédios em Picos.
Ainda criança, com poucos meses de vida, a minha casa, a mesma em que nasci na Rua Francisco Santos, foi assediada por alguns supostos estudantes que atiravam pedras no telhado e acendiam velas na porta e janelas do casario. Nas palavras do saudoso Padre David Angelo Leal: (lágrimas de cera que bem poderia ser lágrimas de verdade).
Devido a isso, meu pai, profundamente entristecido, partiu com seus cinco filhos para São Paulo suportando uma viagem de quase 16 dias até a cidade de São Simão, próxima a Ribeirão Preto. Um novo destino nos aguardava e muito aprendemos com isso.
Vivemos alguns anos nessa cidade para depois mudarmos para Jaú onde iniciei os meus estudos. Em fins do ano de 1966, nova mudança, desta vez para a capital paulista. Residimos durante quatro anos na Rua Dom Antônio de Mello, nº 93 no Bairro da Luz.
No ano de 1969, em 13 de Abril, deixava-nos o nosso pai trazendo a transformação, como um desmoronamento em nossas vidas; Aparecia aí as dificuldades que já existiam, mas eram como que camufladas pelo esforço supremo de meu pai, agora excedidas pelos da minha mãe.
Já não tinha mais sapatos para frequentar a escola, materiais escolares, uniforme, as taxas escolares e o pior de tudo: as lágrimas de minha mãe... A mesa antes farta e agora, nada para se comer. Tudo acabara... Tudo era um caos... Descobrira ali a necessidade do trabalho; A partir de então deixei os estudos e iniciei uma nova vida; Uma vida perpetrada no trabalho.
Meu primeiro emprego foi no DIOESP – Diário Oficial do Estado de São Paulo - Imprensa Oficial do Estado por dois anos, iniciei em 12 de Julho de 1970 como ajudante e depois auxiliar de gráfico, convivendo com impressoras rotativas e offsets e na confecção de livros de autores paulistas, além de revistas e jornais; Depois na função de bloquista e datilógrafo. Com dezenove anos embarquei numa viagem de trem na companhia de amigos para o Mato Grosso onde permaneci por quase um ano e depois para o Paraguai e Argentina. Retornei à São Paulo e em 1973 estava envolvido com o movimento estudantil contra a repressão militar. No ano seguinte devido a ameaça de ser preso pelos militares, embarco para o Piauí onde me prolonguei por seis meses. Na ocasião empreguei-me na Empresa Sondotecnica Engenharia de Solos, no asfaltamento da BR-316. Retornando a São Paulo, volto a conviver com os movimentos estudantis, dividindo acirrados confrontos com os militares. Nessa ocasião, vários amigos e companheiros foram presos, alguns desaparecidos.
Em Picos, no ano de 1980, torno-me radialista da Rádio Difusora de Picos, obtendo uma experiência fascinante, juntamente com o radialista Sousa Lelis que tudo fez para que a Difusora de Picos se tornasse uma Escola de Rádio e laborasse para os filhos de Picos, a função de comunicador social.