Sábado, 05 de Outubro de 2024

Famílias carentes se estabelecem em Picos em busca de doações

Publicado em 14/12/2012
Por Jailson Dias
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Famílias vivem em situação de penúria. /Edson Costa

Todos os anos no período natalino a cidade de Picos testemunha a chegada de um grupo de pessoas que se aloja nas proximidades da ponte do Rio Guaribas. Até o sábado (08/12) pelo menos oito famílias, a maioria formada por mulheres e crianças, já estavam residindo nos barracos armados com papelão, plástico e lona, tudo conseguido no lixo e través de algumas doações. A senhora Maria das Dores, divorciada e mãe de oito filhos, diz que a cidade de Picos é escolhida devido a caridade praticada pela população picoense.

“Mas eu posso dizer e qualquer uma dessas mães que está aqui pode repetir comigo, agente já rodou o mundo e até hoje a cidade melhor de caridade é Picos, porque o agente vem sofrendo, mas quando chega aqui um dá um real, dois e nós volta de carro. Aqui já encostou senhor rico, com carro de primeira, que dá dinheiro e lanche”, declarou.  

As famílias começaram a chegar à cidade no final do mês de novembro. A senhora Maria das Dores afirma que tem vindo a Picos nos últimos quatro anos e recebido o auxílio de cidadãos picoenses com ações independentes, ou das igrejas católicas e evangélicas que organizam ceias e grandes doações de cestas básicas. Até o momento a ajuda esperada ainda não havia chegado. Quase todos esses moradores são do município de Ouricurí – PE. Eles conseguem se deslocar a Picos graças a caronas em caminhonetes e caminhões.

Nesse ano a vinda a Picos foi precipitada devido a seca que assola o município de Ouricuri. “Em Ouricuri vivemos na roça, mas praticamente não está chovendo, e é o que está quebrando as pernas da gente, porque quando está chovendo agende ganha diária, ganha, dá pra comer, dá pra viver, mas sem chover quem não tem moradia pra pagar aluguel, fica difícil, eu pago aluguel”, comentou.

Além dessas diárias a dona Maria das Dores diz receber o Bolsa Família, mas este não representa uma grande contribuição no orçamento doméstico. Em Picos as necessidades mais básicas são saciadas com a água poluída do rio Guaribas. “Tem gente que cozinha com essa água para as crianças comer”, informou Maria das Dores.

Como se não bastassem os infortúnios de uma vida repleta de privações, os moradores dos barracos ainda sofrem com a ação de dependentes químicos que durante as noites vão para debaixo da ponte buscar abrigo para utilizar os entorpecentes. “Chegou um cara aí e minha menina foi lavar uns panos, ele ficou chamando a menina com desrespeito e indiretas, aí a menina veio e me contou e eu perguntei a ele se ele não tinha vergonha”, contou. Às vezes a Polícia Militar passa no local para ver se há alguma ameaça.

Também moradora dos barracos, Jane Regina da Conceição, mãe de três filhos e enfrentando uma quarta gravidez de risco, diz que durante as noites é preciso organizar um revezamento para evitar que os usuários de drogas mecham com as crianças e as mulheres enquanto todos dormem. “A pessoa tem medo de dormir, é um cochilando e outro olhando, só Deus mesmo em nossa vida”, comentou.

Devido a situação de penúria com moscas e mosquitos posando nas pessoas e alimentos o tempo todo, muitos moradores adoecem e procuram o Hospital Regional Justino Luz (HRJL), alegando receberem bom atendimento. O problema maior fica por conta da aquisição dos medicamentos.   Até o fechamento dessa matéria as esperadas doações ainda não tinham chegado, mas as pessoas demonstravam fé que serão ajudados pelos picoenses.

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