Sexta-Feira, 21 de Novembro de 2025

No Setembro Amarelo, psicóloga fala de suicídio e seus reflexos na sociedade

Publicado em 16/07/2019
Por Redação
FA-IMG-0932f8850001f4307fdf.jpg
FA-IMG-0932f8850001f4307fdf.jpg
Psicóloga Raqueline Moreira/Folha Atual

Ser esperança na vida de alguém, valorizar a própria existência. Na sociedade contemporânea, diariamente somos tomados por uma enxurrada de acontecimentos positivos e negativos, em que cada vez mais necessitamos nos fortalecer diante dos problemas, incertezas que angustiam: aquele tão sonhado emprego que ainda não saiu; chegou ao fim o relacionamento que tanto você se dedicou; perda na família etc. São situações que sugam o ser humano, mas é necessário ter autocontrole emocional e saber lidar com a dor.

A introdução é parte do propósito e reflexão que se faz no Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio realizada no presente mês. Sobre esta campanha que mobiliza milhares de brasileiros em favor da vida, a reportagem do Jornal Folha Atual entrevistou a psicóloga com formação em Psicanálise e Saúde, Raqueline Moreira.

Na entrevista, a psicóloga Raqueline Moreira desmistificou tabus do que levam o ser humano a cometer suicídio, bem como fez um alerta: a sociedade pode contribuir na transformação dessa dura realidade: vidas sendo silenciadas. É preciso escuta, diálogo sem julgamento.

Confira a entrevista!

FOLHA ATUAL: O Setembro Amarelo é uma campanha iniciada em 2014, em valorização da vida, diante dos inúmeros casos de suicídio. Qual a raiz dessa realidade social?

PSICOLÓGA: Essa mobilização vem em decorrência da quantidade de suicídios que vem aumentando cada vez mais. Número de casos de pessoas que tiram a própria vida só aumenta. Porque esse aumento? Eu como terapeuta faço uma análise e vejo que a formação mental do ser humano é um fator motivador. A sociedade é muito sensível, essa sensibilidade maior, de superproteção dos filhos ao sofrimento, de lidar com a dor, de lidar com a angústia quando crianças. Quando crescem, a partir dos 7 anos, eles vão tendo uma dificuldade maior de lidar com a dor. A formação mental do ser humano começa quando o bebê nasce, é preciso trabalhá-la desde cedo para que sejamos adultos fortes.

FOLHA ATUAL: A sociedade atual está fragilizada diante da cultura de superproteção?

PSICÓLOGA: Sim, com certeza. A nossa formação cultural está cada vez mais sensível. Temos essa proteção e muitas vezes não temos o cuidado de escutar, de ver o que se passa na cabeça dessa criança, pré-adolescente, desse adolescente, do adulto e do idoso. Essa formação leva o ser humano a cometer o suicídio, por não conseguir lidar com a dor, ele não quer morrer, mas sim acabar com o sofrimento. Não tem a ver com fé, religião, não tem a ver com frescura, como a sociedade coloca. Simplesmente a pessoa não está conseguindo lidar com a sua dor.

FOLHA ATUAL: Na observação que a pessoa está passando por um momento de sofrimento, como ajudar?

PSICÓLOGA: Primeiro precisa haver uma escuta sem julgamento. Julgamos o outro pelo seu jeito de ser, de vestir, andar, precisamos entender o outro do jeito que ele é. Estar atentos ao sofrimento do outro, pois nem sempre a pessoa que comete suicídio estava numa depressão.

FOLHA ATUAL: O que diferencia a depressão de um estágio de sofrimento?

PSICÓLOGA: O estágio de sofrimento pode ser a pessoa que terminou um namoro em que ela investiu muito. Nos primeiros dias, ela está de luto, lidando com todo o sofrimento, enxerga nesse momento que a vida não faz sentido. Já a depressão, é um estágio profundo de sofrimento, onde nem sempre se fala.

FOLHA ATUAL: O tratamento profissional adequado pode ser uma forma de ajuda na superação do problema...

PSICÓLOGA: Com certeza. Existem várias formas de terapias, a pessoa que está passando por tamanha dor, precisa de um aparato profissional pra direcioná-lo a lidar com a dor. Não é fácil, é bem complexo.

FOLHA ATUAL: Como nos fortalecer diante do sofrimento emocional?

PSICÓLOGA: Precisamos estar bem aqui, agora. Seja feliz com o que você tem, busque mais, mas não deixe de ser feliz. Precisamos olhar para dentro de nós, saber identificar o que nos incomoda e aprende a lidar com tudo isso.

 

 

Comentários