Embora tenha um forte sotaque do seu país de origem, Jaime Auro Alvarado Espinoza, 55 anos, já está há quase 40 anos vivendo no Brasil. Ele reside em Salvador – BA, mas vem a Picos regularmente há 16 anos para vender o seu artesanato. O artesão, que nas últimas semanas pode ser encontrado quase que diariamente na Praça Félix Pacheco, fica na cidade por pouco tempo, seguindo para outros destinos do país.
Em entrevista ao Folha Atual ele informou que deixou o Peru quando tinha 17 anos, juntamente com os seus pais e irmãos, retornando poucas vezes. Antes de se estabelecer no Brasil, ele relatou que passou pela Colômbia, Bolívia, Chile e Equador, ficando no máximo três meses em cada um desses países.
Indagado se teria deixado o seu país de origem em busca de melhores condições de vida, Jaime informou que a saída se deu apenas porque desejava chegar aos Estados Unidos, mas acabou se estabelecendo no Brasil. Ele entrou no nosso país pela Amazônia e percorreu vários estados, estabelecendo-se na Bahia. Lá, casou, teve três filhas e já tem cinco netos.
Jaime informa que sempre trabalhou com artesanato e diz que extrai uma boa renda desse material. Enquanto o entrevistávamos, algumas pessoas pararam em sua banca para observar os objetos e comprar. “Graças a Deus, honestamente e honradamente dá para conseguir muitas coisas”, declarou.
Para o artesão, a cidade de Picos possui algumas características bem particulares, como o bom tratamento e o forte calor. “Eu me sinto cômodo aqui, o povo me trata bem, e pelas amizades que consegui aqui, também são 16 anos vindo regularmente”, comentou.
Quanto ao calor, Jaime disse que chega a sentir medo durante o mês de setembro. Ele afirmou que Picos é a cidade mais quente que conhece no Brasil, bem diferente de Lima, capital do Peru. Embora não chova muito naquela região, faz muito frio. “Em todo Brasil, sim. O mês de setembro aqui dá medo, irmão”, destacou humoradamente.
Embora possua residência fixa em Salvador, Jaime diz que viaja sempre pelo Brasil, vendendo o seu artesanato. Ele está em Picos há dois meses e deixará a cidade nos próximos dias. Seu itinerário de viagem inclui Imperatriz no Maranhão e Belém no Pará, onde acontece uma grande festa, o Círio de Nazaré. De lá ele retorna a Picos, passa por Salvador e vai para o Rio de Janeiro.
Jaime diz que não pretende mais voltar ao Peru uma vez que constituiu família no Brasil. “Não penso mais em sair daqui”, declarou.
E assim, Jaime é mais um estrangeiro que embora não resida em Picos, já constituiu fortes laços com essa cidade encravada no meio do sertão nordestino.