O senhor Elísio Rodrigues Gomes, 62 anos, conhecido por “Rei da Mineral”, é um cidadão consciente. Ele mora na rua 03 de Maio, no Morro da Mariana, e desenvolve um trabalho voluntário que beneficia a todos que vivem nas proximidades. Em entrevista ao Folha Atual ele informou que ao constatar a dificuldade dos caminhões coletores da prefeitura de chegarem até as proximidades da sua casa, decidiu confeccionar um carrinho de mão, com geladeiras de cozinha e rodas de bicicleta, e deixa-lo na rua para que os moradores depositem ali o lixo. Ao final do dia o senhor Elísio leva o material descartado até uma rua onde os veículos tem acesso.
Apesar do trabalho voluntário, que desenvolve desde que chegou no Morro da Mariana, há cinco anos, as coisas não são fáceis para o senhor Elísio. “Já me levaram três carrinhos, você acredita nisso? Até isso. É uma das ajudas que eu tenho. Mas não fico chateado. Cheguei a denunciar em uma rádio, aí fui batalhando e consegui mais alguns fundos de geladeira”, declarou.
O senhor Elísio trabalha como autônomo, vendendo água mineral em pontos movimentados de Picos, mas não reclamada da vida. Indagado sobre a motivação para esse trabalho voluntário, ele respondeu de forma simples. “Só em me satisfazer, é uma grande motivação. E demonstrar para o ser humano, para as crianças, para a vizinhança que se cada um fizesse o que eu faço, Picos seria outra cidade”, comentou.

Elísio Rodrigues
A boa vontade do senhor Elísio vai de encontro àquilo que a prefeitura e toda a população precisam, de mais pessoas interessadas no bem comum, pois leis não faltam. Ainda no ano de 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), através da Lei nº 12.305/10, regulamentada pelo decreto presidencial n° 7.404/10, que estabelece a necessidade de todos os municípios brasileiros adotarem o descarte correto do lixo com o fim de preservar o meio ambiente, o que também aumenta a responsabilidade dos cidadãos na hora de se desfazer das sobras do dia a dia. Isso facilitaria a realização de uma coleta seletiva, uma vez que materiais como o plástico levam até 450 anos para se decompor. Outros objetos, como latas de conserva, levam 100 anos para desaparecer, enquanto latas de alumínio, 250 anos.
Outro exemplo
O descarte incorreto do lixo pela população é denunciado por algumas pessoas sem vínculos políticos, dentre elas o artesão Antônio José da Silva, mais conhecido por “Piauí Ecologia”, que observa transeuntes jogarem embalagens plásticas no chão da Praça Félix Pacheco, centro comercial de Picos. Sempre muito crítico e conhecido por isso, Antônio José entende que o problema não diz respeito apenas a gestão municipal, mas aos picoenses como um todo.

Antônio José (Piauí Ecologia)
“A população tem de colaborar, pois vejo que não é só culpa da gestão, embora ache que o serviço de limpeza pudesse ser melhor, mas o grande problema é a população”, declarou.
Para o artesão, que sobrevive da sua arte comercializada na Praça Félix Pacheco, os poderes públicos poderiam realizar mais campanhas educativas para depois estabelecer multas para quem sujar a cidade. “Às vezes a prefeitura vai no local, faz a limpeza e a própria população joga lixo no lugar que a prefeitura limpou, isso eu digo e provo”, frisou.
Corroborando as palavras do artesão, muitos são os pontos verificados no centro de Picos onde as pessoas jogam lixo, nas laterais das ruas e avenidas, mesmos sabendo o horário que os caminhões fazem a coleta. Parece não haver o pensamento de guardar o material até a hora certa do descarte.