Segunda-Feira, 14 de Outubro de 2024

Violência nas escolas do Piauí alerta especialistas e professores

Publicado em 10/11/2018
Por Redação
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Robertaaline\CidadeVerde.com/

Na manhã do dia 13, dois jovens entraram armados na escola estadual Raul Brasil, em Suzano, região metropolitana de São Paulo. Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, efetuaram disparos matando cinco alunos e dois funcionários da instituição e ferindo mais 11 pessoas. 

Os dois são ex-alunos da escola. No final da ação, o adolescente matou o homem de 25 anos e em seguida cometeu suicídio. O assassinato em série chamou a atenção da sociedade para temas como violência na escola, flexibilização da posse de armas e  exposição de crianças e jovens a contextos que banalizam a violência. 

Para o professor de História e Direito, Alessander Mendes, a sociedade tem focado na discussão das conseqüências deixando de lado a preocupação com as causas que desencadeiam crimes como este. Segundo ele, a principal causa seria a relação que os jovens, professores e todo o corpo escolar travam dentro dos muros escolares. 

Uma das linhas de investigação do caso em Suzano é que o adolescente sofria Bullying  na escola. Ele teria abandonado a instituição devido à violência sofrida. Para Alessander, a escola não pode mais fechar os olhos para as relações desestruturadas dentro de suas dependências. 

Segundo ele, os casos de violência em escolas de todo o mundo mostram que antes do crime, os jovens apresentam sinais visíveis a pais e aos professores. 

“A discussão que estamos travando no caso desses estudantes é uma discussão pueril. A questão política terminou tentando tomar à frente de um fato grave. Se o problema é a liberação do porte de armas ou não. A discussão sobre armas é uma conseqüência, não a causa. Eu vejo muitas pessoas discutindo, e respeito todas as opiniões, que instrumentos de videogames são perigosos porque motivam a violência. Isso é conseqüência e não causa. A causa está relacionada com o relacionamento que existe na sala de aula. É preciso haver  relacionamento de respeito, de empatia de um poder entender o outro do jeito que ele é. É preciso respeitar as condições religiosas de cada um, a posição política. Essa relação apresenta sinais sejam eles comportamentais, de isolamento ou mesmo mensagens agressivas nas redes sociais. Até o momento que eles chegam à fase da execução”, disse.

Capacitação de professores
 
O professor afirma que uma série de fatores, como relações desestruturadas nas famílias e nas escolas, levariam a episódios como o de Suzano.

“A causa é esse relacionamento em sala de aula. Essa pessoa já tem deficiências nas relações familiares. Dentro da escola os amigos podem ser o termômetro para essa relação. O professor, a equipe pedagógica e todos podem ser termômetros. O menor de 17 anos sofria alguns tipos de exclusão, de menosprezo, práticas de humilhação e estava fora da escola. Nessa relação ele cria sentimentos de ódio e vingança. E depois dessa causa, ele pode buscar em locais como o videogame para saber como fazer. Primeiro tem uma causa depois a conseqüência. Se eu me prendo a games e armas vou sempre discutir a conseqüência. Sempre discutir pessoas mortas e não as causas”, destacou.

Segundo ele, uma solução seria capacitar professores e gestores das escolas para que fossem capazes de identificar alunos que estejam precisando de ajuda. Ao serem identificados, esses estudantes seriam encaminhados para os profissionais adequados para realizarem o tratamento psicológico. 

“É preciso que os professores sejam agentes na identificação dessas necessidades dos alunos. Pode se fazer treinamentos para que esse professor seja formado para construir essa relação com os alunos.  Isso é prevenção. Acho que as escolas ignoravam os sinais até o caso de Suzano. Depois disso, todos os educadores terão um olhar para essa situação. Os professores precisam ser treinados para perceber essas questões comportamentais. Percebendo isso, ele será a ponte entre esse aluno que precisa de ajuda e os profissionais que podem tratar esse aluno. Isso pode ser feito em qualquer escola sem grandes investimentos”, disse.

Violência nas escolas do Piauí

Nos últimos nove meses foram registradas 203 ocorrências em Teresina, entre brigas, ameaças e alunos que foram à escola armados. Os  dados são da Companhia Independente de Policiamento Escolar (Cipe). Os números chamam a atenção e levaram o Ministério Público do Piauí a desenvolver o projeto “Queremos Paz”. 

Por meio do projeto, são realizadas atividades com o objetivo de fomentar a cultura da paz, a prática do diálogo e da tolerância nas escolas. A proposta inclui também atividades de capacitação de professores e de familiares. Nas capacitações, são discutidas situações de bullying, drogadição e indisciplina. 

A promotora de justiça, Flávia Gomes, afirma que o importante é trabalhar a prevenção da violência nas escolas. "Em meio a inúmeras solicitações na área de Educação, a maior questão era a dos conflitos dentro da escola. Aí entram bullying, drogadição, o conflito família-escola, aluno-aluno, aluno-professor e vimos que precisávamos trabalhar a prevenção", disse. 

FONTE: Cidade Verde

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