A aprovação dos projetos de lei pelos vereadores da Câmara Municipal de Picos que autorizaram reajustes salariais de 4,61% para servidores efetivos, para membros da mesa diretora e que aumentaram a estrutura administrativa da Casa para 31 assessores, continua sendo pauta de debates populares na cidade. A reportagem do Jornal Folha Atual foi as ruas saber a opinião pública dos picoenses sobre esta ação. A avaliação quase unânime considera a atitude dos parlamentares municipais arbitrária e irresponsável no gerenciamento dos bens públicos.
A enquete teve a participação de quatro pessoas entrevistadas em locais distintos: Praça Félix Pacheco, Feira Livre e Rua Monsenhor Hipólito. Os entrevistados foram abordados de forma aleatória, sendo três do sexo masculino (que reprovaram a ação dos vereadores) e uma representante do sexo feminino (favorável à aprovação dos projetos de lei).
O primeiro entrevistado da enquete foi o coronel aposentado do Exército, José Carneiro Teles. Para ele, a aprovação dos projetos é irresponsável quando se vive um contexto de recessão econômica e de contenção de gastos públicos.
“No meu entendimento isso é uma forma de formalizar um curral eleitoral dentro da Câmara, é uma irresponsabilidade. É preciso conter despesas e não criar mais. No contexto atual, de crise, ações como estas deveriam ser inadmissíveis pelos gestores e não aprovados por eles”, opinou o coronel.
Coronel aposentado José Carneiro Teles
Quem também compartilha do mesmo pensamento é o feirante Francisco Pedro de Moura, mais conhecido por “Galego do Doce”. Ele destaca que a medida não agrada a população local.
“Esse projeto que aumentaram o número de cargos para eles [vereadores] é bom demais. Agora a população fica um pouco revoltada porque estamos num período de muita dificuldade das coisas. Penso que agora não seja o momento ideal para isso. Era preciso ter mais bom senso”, frisou o feirante.
Feirante"Galego do Doce"
O empreendedor e liderança comunitária, Eurípedes Parreira, o “Pepeu”, tem ainda uma avaliação mais fundamentada e questiona a razão dos projetos terem sido aprovados de forma tão rápida, beneficiando poucos e não a comunidade.
“Foi alegado que esse projeto seria para reajustar os salários que não ocorriam há alguns anos. Mas só foi possível agora? Agora quando a nossa sociedade está arrasada e passando por dificuldades. Porque ficou irregular? O presidente da Câmara está no seu quarto mandato e antes não tinha dinheiro? Agora tem? Os vereadores da oposição denunciaram que a grande maioria dos assessores nem comparece à Câmara. Isso é criminoso, é abuso de poder, o dinheiro é público, é do bolso do cidadão”, ressaltou o empreendedor.
Eurípedes Parreira
Diante dos posicionamentos negativos, a estudante, Taismar Fontes, se mostrou favorável a decisão dos vereadores. Segundo ela, o aumento de assessores vai oportunizar empregos para a sociedade.
“No meu modo de opinião eu concordo sim, pois vai ter mais uma facilidade para a população e oportunidades de emprego e vai ficar bem melhor para todos”, disse.
Estudante Taismar Fontes
Aprovação dos projetos
Os três projetos de lei que estabeleceram o reajuste salarial para os servidores efetivos da Câmara, para o segundo vice-presidente e segundo secretário do Legislativo Municipal, bem como aumento do número de assessores foram aprovados em duas sessões extraordinárias ocorridas no dia 25 de janeiro.
Votaram a favor dos projetos os vereadores Hugo Victor (MDB), Afonsinho (Progressistas), Toinho de Chicá (Progressistas), Dedé Monteiro (PPS), Rinaldinho (Progressistas), Renato Ibiapino (PRP), Valdívia Santos (PRP), Wellington Dantas (PT), Evandro Paturi (PT) e Simão Carvalho (PSD).
Já os vereadores Chaguinha (PTB), Dalva Mocó (PTB), José Luís de Carvalho (PTB), Carlos Luís (PSDB) e Maté (PSL) protestaram e votaram contra dois projetos: o do aumento de assessores e reajuste dos servidores que prestam serviço e o do reajuste ao 2º vice-presidente e 2ª secretário. Os parlamentares oposicionistas votaram a favor do projeto que concede reajuste de salário aos servidores efetivos.