A Unidade Escolar Miguel Lidiano vive um drama de longa data. Em fevereiro de 2013, portanto, há seis anos, professores e alunos foram retirados do prédio onde funcionava o colégio com a desculpa de que seria uma saída temporária. O Governo do Estado, então chefiado por Wilson Martins (PSB), tendo Átila Lira como Secretário de Educação, argumentou a época que seria realizada uma ampla reforma na sede da escola, extremamente necessária, e que em seguida todos retornariam. Desde então teve início uma peregrinação, enquanto a alegada reforma encontra-se parada.
Nossa equipe esteve no Miguel Lidiano e constatou o que mais parece um abandono. As pessoas que moram nas imediações comentaram sobre a situação da escola, onde boa parte dos adultos do bairro Junco estudou quando criança. Ninguém quis gravar entrevista, embora tenham expressado a sua indignação e tristeza com o descaso para com o prédio histórico.
Ao sermos informados que a escola está funcionando no prédio da Universidade Aberta do Piauí (UAPI), localizada no bairro Junco, onde por décadas foi a Uespi de Picos, nos deslocamos até lá. A diretora do Miguel Lidiano, professora Islândia Cleide de Sousa Araújo, narrou o drama em detalhes. “O prédio (a sede da escola) precisava de uma reforma, então o Governo do Estado fez uma reforma no Centro de Convivência do bairro Pedrinhas, e nos deslocou para lá, em fevereiro de 2013”, informou.
Em janeiro de 2018, engenheiros da Secretaria Estadual de Educação do Piauí (SEDUC – PI), estiveram no Centro de Convivência, a pedido de Islândia Cleide, e constataram a alegação feita por ela da falta de estrutura e de segurança do local. Duas salas onde os alunos estudavam, ameaçavam desabar.
Após isso, em março do mesmo ano, a comunidade escolar foi transferida para a sede da UAPI, onde se encontra até o momento e sem perspectiva de retornar para a sede original da escola. Islândia alegou que não há possibilidade de atender a demanda de alunos dos bairros Junco e adjacentes, devido ao fato do prédio ter sido adaptado para recebê-los, ou seja, não é um local ideal.
Diretora do Miguel Lidiano, Islândia Cleide
Destaca-se que a escola, que atende mais de 380 alunos nos três períodos, manhã, tarde e noite, funciona em um “corredor” nos fundos da UAPI. Lá estão as salas de aula, direção, secretarias, bibliotecas e apenas dois banheiros. O pátio não tem cobertura para as atividades de recreação dos estudantes. “É com muita dificuldade que estamos aqui”, declarou.
Além dos 380 alunos, o Miguel Lidiano conta com os serviços de 38 professores e oferece as séries finais do Ensino Fundamental, o Ensino Médio regular e à noite oferece a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Local onde o Miguel Lidiano está funcionando
Islândia informou ainda que a reforma da escola já foi iniciada e paralisada pelo menos três vezes, uma na gestão do ex-governador Wilson Martins e duas na gestão de Wellington Dias (PT). Em sua busca por informações, a diretora ouviu que o governo espera recursos para concluir a obra. Nesse tempo, alguns contratos já foram rompidos, enquanto novas licitações foram realizadas. Mas nenhuma das empresas que assumiu o serviço chegou a concluí-lo.
O Folha Atual procurou a gerente da 9° Gerência Regional de Educação (9° GRE), Noêmia Marques, para falar sobre o assunto. Ela disse que não poderia gravar entrevista uma vez que não tinha nenhuma novidade a acrescentar sobre a situação do Miguel Lidiano. A GRE também está funcionando de forma improvisada na sede da Escola Normal Oficial de Picos (ENOP).
Enquanto isso, a situação da comunidade escolar do Miguel Lidiano é realmente entristecedora. Um retrato do descaso com a educação pública no Brasil.