Terça-Feira, 18 de Novembro de 2025

Confira os artigos da 69ª edição do Folha Atula

Publicado em 14/02/2016
Por Marta Soares
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Artigos de Orlando Berti, Graça Moura e Francisco de Assis/Folha Atual

>>>Seis anos depois, mesmo com filmagem, morte do contador Claudinho continua um mistério em Picos

A cidade de Picos (a 307 quilômetros de Teresina e principal cidade do Sertão Piauí) tem passado por dias de muita angústia devido ao aumento da criminalidade. Poucos casos são solucionados. Parece que não é de hoje.

Em poucas horas, principalmente devido a cobranças sociais e midiáticas, vários policiais apareceram nas ruas da cidade para tentar, ostensivamente combater a criminalidade. 

Mas as investigações não avançam muito para prender quadrilhas e desarticular bocas de fumo. Um caso continua intrigando toda a região: a morte do contador Cláudio Sousa Silva, 50 anos, mais conhecido por Claudinho. Ele foi assassinado em agosto de 2010. Esta semana completa seis anos. Mesmo com um vídeo mostrando nitidamente a última pessoa a ser vista com o contador não há sequer pistas de quem o matou.  

Praticamente uma dezena de delegados da 4ª Regional de Polícia Civil, em Picos, passaram pelo caso e não conseguiram identificar quem matou Claudinho. Não se sabe nem se o crime foi motivado por questões homofóbicas já que a vítima era homossexual.

A vítima era um dos contadores mais conhecidos da região de Picos. Trabalhava para várias empresas e era uma pessoa pacata. Morava sozinho em um apartamento da rua Santo Antônio, Centro da cidade.

Claudinho foi encontrado morto no meio da noite do dia 02 de agosto de 2010, em um dos quartos de seu apartamento. Estava amordaçado. Tinha pernas e braços amarrados. Havia outros sinais de violência e o lugar estava revirado. Ele foi morto por estrangulamento.

O corpo foi achado horas depois do crime após vizinhos notarem que Claudinho não tinha saído de casa. Chamaram parentes que foram até o apartamento e encontraram a cena do crime.

Foram feitas várias campanhas de conscientização e cobrança, mas não há nenhum suspeito apontado.

Quem matou Claudinho, como aponta o vídeo, era um rapaz moreno, de aproximadamente 1,65m, que estava de boné e camisa listrada. 

Continua-se acreditando que o assassino de Claudinho não seja de Picos. E mesmo o caso já tendo sido reaberto várias vezes sequer foi reconhecido ou apontado nome de algum possível suspeito.

Familiares e amigos pedem para que a população, hoje com a expansão das redes sociais, que espalhem o vídeo para o possível reconhecimento do assassino e que avisem a Polícia Civil, ou a Polícia Militar (número 190) sobre qualquer identidade desse suspeito.

Por: Orlando Berti – jornalista, professor universitário, pesquisador e intrigado com tanta injustiça.

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>>>PACIÊNCIA, VOCÊ AINDA TEM?
Graça Moura

O mais difícil é ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender sem reclamar...

A aquisição mais difícil para nós todos se chama paciência.

Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados... Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.

Por muito pouco a madame que parece uma 'lady' solta palavrões e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras do cais'...

E o bem comportado executivo? O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar...

Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma 'mala sem alça'.

Aquela velha amiga uma 'alça sem mala', o emprego uma tortura, a escola uma chatice.

O cinema se arrasta o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.

Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado...

Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.

Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.

A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.

Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais' aonde ele quer chegar? Qual é a finalidade de sua vida?

Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta. E você?

Aonde você quer chegar? Está correndo tanto para quê? Por quem?

Seu coração vai aguentar? Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar? A empresa que você trabalha vai acabar?

As pessoas que você ama vão parar?

Será que você conseguiu ler até aqui?

Respire... Acalme-se...

O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência.... (Arnaldo Jabor)

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>>>Reminiscências olímpicas

Rio 2016, Olimpíadas. Foi em 1984 que ouvi esse vocábulo pela primeira vez. Foi através dos Jogos de Los Angeles, EUA, via rádio de pilha, que o maior evento esportivo da terra foi-me apresentado. Outro fator de significativa importância para a minha familiarização para com o evento, foi uma promoção feita pela Coca-Cola. A cada cinco tampinhas do refrigerante davam direito a receber, em troca, um envelope contendo três figurinhas que traziam todos os esportes olímpicos disputados naquele ano. Meus pais foram os grandes responsáveis por aquele prazer inigualável de pregar no álbum todas as 50 figurinhas. Ali estampavam esportes que eu nunca tinha ouvido falar: Judô, Pentatlo Moderno, Esgrima, Hóquei, Luta Greco-Romana e outros. 

Em repouso para a cura de uma enfermidade, ouvi o narrador comemorar a medalha de prata conquistada pelo nadador, Ricardo Prado, na prova dos 400m medley. Mais outras pratas vieram naquela Olimpíada: a seleção masculina de vôlei, com Willian, Montanaro, Renan, Amaury, Xandó, Bernard e o saque Jornada nas Estrelas, apresentaram o nosso cartão de visitas ao mundo. 

No futebol, a nossa equipe tinha como base o Internacional de Porto Alegre. O goleiro Gilmar Rinaldi, o zagueiro Mauro Galvão e o volante Dunga fizeram parte daquele elenco. Foi a primeira vez que se permitiu a atuação de jogadores profissionais. Com exceção dos que já tinham disputado Copas do Mundo. Na partida final, 100 mil pessoas no Rose Bowl assistiram a França levar a medalha de ouro derrotando o nosso escrete, por 2 a 0. No Judô, Walter Carmona subiu ao pódio com uma medalha de bronze, assim como Torbem Grael e seus companheiros, no Iatismo. Mas o momento de ouro ainda estava por vir.

Aconteceu no horário nobre. A Globo exibia a sua novela das 8h, a qual o nome me escapa a memória, quando, de repente, a programação foi interrompida e a emissora entrou ao vivo de Los Angeles para transmitir a final dos 800m, no Atletismo. Um brasileiro de origem piauiense, Joaquim Cruz, era o grande favorito. Com o tiro da largada, os oito finalistas partiram em busca da vitória. Joaquim começou cauteloso, sempre entre os quatro primeiros. Pura malandragem. Nos últimos duzentos metros, em longas passadas, foi superando seus oponentes e cruzou a linha de chegada com folga. Medalha de ouro para o Brasil. Bandeira hasteada no ponto mais alto do pódio e o hino nacional ecoou para os quatro cantos do mundo. 

Depois vieram outros heróis olímpicos: Aurélio Miguel, 1988, em Seul; Rogério Sampaio e a seleção masculina de vôlei, em Barcelona, 1992; mas foi em 1996 que o Brasil viveu um dos momentos mágicos de sua história nas Olimpíadas: a final feminina do vôlei de praia disputada por duas duplas brasileiras. Os jogos de Atlanta, EUA, marcava a estreia da modalidade na competição. Na arena, Jaqueline Silva e Sandra Pires venceram Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, por dois sets a zero. Naquele 27 de julho, o Brasil foi ouro e prata. Um feito, até hoje, nunca superado. Dessa conquista, ainda guardo um recorte de jornal que congelou para sempre o maior grito de glória, de atletas brasileiros, na memória dos Jogos. 

Francisco de Assis Sousa é professor e cronista. Mestrando em Ciência da Educação pela Universidade Lusófona de Lisboa-Portugal. Email: frassis88@hotmail.com

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