Domingo, 13 de Outubro de 2024

Perfuração indiscriminada de poços artesianos levará Picos a crise hídrica

Publicado em 21/11/2015
Por Jailson Dias
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Secretário fala sobre a perfuração de poços artesianos na cidade de Picos/Jailson Dias

O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Glauber Silva, alerta que a perfuração continua e indiscriminada de poços artesianos levará a cidade de Picos a uma crise hídrica. Os efeitos já podem ser notados uma vez que a denúncia não é uma novidade. A burocracia estaria impedindo que o poder público tome medidas para coibir a perfuração de mais poços.

Segundo informou o secretário o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) determinou que os recursos hídricos pertencem ao Estado, dessa forma as secretarias municipais nem podem emitir licenças para a perfurações de poços nem fiscalizá-los. Com isso, há uma multiplicação de poços perfurados de forma irregular.

Conforme o entendimento do CONSEMA a fiscalização cabe a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMAR), mas esta não dispõe de pessoal suficiente para desempenhar esse trabalho, dessa forma multiplicam-se os poços irregulares. “Aí tem dois detalhes, a falta de licenciamento e o desperdício. Temos denúncias de que na zona rural de Picos há propriedades com dois poços”, destacou.

A perfuração indiscriminada de poços artesianos contribuiu para o rebaixamento do lençol freático que fica no subsolo da cidade, com isso há o perigo da falta de água no futuro. Glauber lembra que até os anos 1980 existiam poços jorrantes na cidade de Picos, mas com a redução do lençol freático, esse fenômeno se extinguiu.

“Hoje pra você encontrar água em nosso subsolo tem de cavar até 200 metros. Esperamos que a SEMAR, juntamente com o CONSEMA resolvam esse problema”, comentou.

Glauber frisou que a SEMAR precisa instalar um escritório em Picos para garantir que a fiscalização aconteça, ou, pelo menos, que uma delegação seja enviada a cidade. Atualmente não é possível estimar o número de poços na cidade de Picos, especialmente na zona rural. A água extraída deles é usada para a irrigação de lavouras e também para o lazer, abastecendo piscinas.

“Hoje só vemos as pessoas tirando outorga para perfuração de poços quando se trata de um projeto envolvendo o Banco do Nordeste (BNB), pois ele exige. São muitas as pessoas que nos procuram por dia, mas quando dizemos que tem de ir a Teresina, desanimam”, comentou.

Destaca-se ainda que todo o abastecimento de água da cidade de Picos é realizado pela AGESPISA através de 16 grandes poços. Essa situação será amenizada apenas quando a adutora da barragem de Bocaina for concluída. Para isso ainda há o porém da necessidade de chuvas, uma vez que a barragem está muito abaixo da capacidade.

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