ARTIGO: A arte de Lionel Messi

Há muito tempo não escrevo sobre futebol, uma das maiores paixões do povo brasileiro. No entanto, agora, sinto-me no pleno dever de registrar aqui alguns acontecimentos do mundo da bola. E, neste relato, há situações que devem ser celebradas, aplaudidas de pé, enquanto outras necessitam de atenção e reflexão, acima de qualquer coisa. Vamos começar falando do principal ator do palco futebolístico, o jogador. Para ser mais justo, vamos dizer os craques; ou, simplesmente, o craque.

O Futebol Club Barcelona, da Espanha, possui um camisa 10 digno dos grandes do futebol mundial. Lionel Messi, argentino de nascimento, traz a marca da genialidade de reconhecidos nomes do futebol sul-americano que, um dia, produziu Pelé, Garrincha, Maradona, Zico, Romário. Bem, se formos citar mais, a lista ficará extensa. Então, vamos nos contentar com esses.

Semifinal da Liga dos Campeões da Europa, estádio Camp Nou, em Barcelona, o time que tem o nome da principal cidade da Catalunha entrou em campo para disputar a primeira partida contra o Bayern de Munique, outro gigante das quatro linhas. Por lá, desfilam muitos que vestiram a camisa da Alemanha na conquista da Copa do Mundo/2014: Muller, Neuer, Lahn, Gotze, Schwainsteiger, sem falar no holandês, Robben, e no francês, Ribéry, que, contundidos, não atuaram.

O clássico arrastou mais de noventa mil pessoasao estádio e,milhões distribuídos pelo resto do mundo, acompanharam pela telinha. A partida foi construída por grandes lances produzidos por artistas de alto nível técnico. Mas um deles, como definiu o jornalista Juca Kfouri, destruiu o Bayern, naquela noite. Os amantes do futebol arte consumiram, aplaudiram as jogadas individuais e as conclusões precisas de Lionel Messi que matou o jogo com dois golaços e uma assistência, no segundo tempo, que selou o placar em 3 a 0.

“A arte existe para que a realidade não nos destrua.” A vida se torna muito mais difícil quando nos deparamos com a miséria material e espiritual que o mundo nos impõe; quando assistimos torcedores destruírem parte de um estádio, como aconteceu no Castelão, em Fortaleza, na final do campeonato cearense/2015. Ao invés de desfilar craques, cadeiras foram arremessadas, homens se digladiaram. O campo de jogo, palco de espetáculo, transformou-se numa praça de guerra. O brilho da invenção das grandes jogadas foi substituído por cenas de extrema violência. Símbolo maior da degradação humana.

Arte é a atividade humana ligada a invenção, ao sonho, ao improviso, a criatividade.É uma manifestação de ordem estética, feita por artistas a partir de percepções, emoções e ideias, com o objetivo de manifestar o belo, de instigar a consciência em um ou mais espectadores, e cada obra possui um significado único, especial. Assim, o homem instaura beleza e dar vida ao mundo material e imaterial que o cerca. Viva a arte de Lionel Messi!

Francisco de Assis Sousa é professor e cronista. Mestrando em Ciência da Educação pela Universidade Lusófona de Lisboa-Portugal. Email: frassis88@hotmail.com