Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2025

ARTIGO: Será mesmo que o jornal impresso vai acabar?

Publicado em 16/01/2015
Por Marta Soares
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O jornal impresso é mais antigo do que a maioria dos inventos tidos como modernos. Esse pedaço de papel que você pega hoje existe há um tempão e já moveu muitos governos e muito da história mundial.

Ele é potencializado desde a época da invenção do alemão Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg (que nome, hein!), ou simplesmente Gutenberg. Ele conseguiu imprimir uma série as bíblias na primeira metade do Século XV.

Justamente! O primeiro impresso de que se tem notícia em tempos mais modernos e de uma forma semi-industrial foi a Bíblia cristã, até hoje o livro mais lido no Mundo. O jornal não foi inventado por Gutemberg, antes dele já se fazia a comunicação através de produtos, via cópias manuais.

Sugestão: veja o filme O Nome da Rosa.

Essas impressões foram evoluindo para revistas, jornais, também conhecidos por gazetas (devido serem vendidas por uma gazeta – moeda comercial da Itália na época – país que concentrava o controle de uma parte do comércio mundial) e também por periódicos (por terem tiragens diárias, bi-semanais, tri-semanais, semanais, quinzenais, mensais e até anuais).

O jornalismo impresso nasce eminentemente como uma função comercial, justamente para divulgar cotações e tendências mercantis. Depois parte para duas funções básicas: a política (até hoje muito forte nos impressos) e a literária, que revelou grandes jornalistas e depois exímios escritores.

Em um Brasil do Século XXI o jornalismo impresso mudou muito e hoje abarca diversas temáticas e uma multiplicidade de assuntos. É a mídia massiva responsável pelo aprofundamento dos fatos, de trazer um conteúdo mais analítico e, principalmente, com mais elementos apurados.

O jornal impresso é a grande prova de que determinado fato pode ser consumido igualitariamente por milhares ou milhões de pessoas exatamente igual, ou seja, é possível imprimir-se muitas e muitas cópias.

Dizem que vivemos na época da reprodutividade em série, ou reprodução em massa. Esse é o mesmo princípio que garante um CD, um DVD ou as finadas fitas K7 ou VHS serem vistas igualmente em qualquer lugar do Mundo, tirando suas respectivas traduções, legendas ou capas. Isso garante por muito tempo uma indústria de produção de bens simbólicos, para alguns a grande faceta positiva do capitalismo, por popularizar o consumo e para outros, o grande instrumento de manipulação de massas. Tirem suas próprias conclusões.

É fato que já havia impressões desde a China Antiga, muito antes de Jesus Cristo, mas foi a invenção de Gutemberg que começou a proporcionar a revolução dos impressos em escala mundial.

Uma das perguntas prementes da atual conjuntura comunicacional massiva é se o jornal impresso vai acabar. Minha resposta é sim e não.

Sim, principalmente da forma como ele existe hoje, como tem mudado radicalmente nas últimas décadas, principalmente em relação às outras mídias massivas como o rádio, a televisão e mais ultimamente a Internet (que é a junção de todas essas mídias – ou possibilita tal junção).

Não porque nada substitui o prazer de ler um impresso (mesmo com os milhares de tablets da vida) em relação ao poder de folhear. Essa ação é o que garante a leitura no papel, sem falar que o jornal impresso é a mídia mais documental de todas, pois tem garantia de não se perder, como é o caso do rádio e da TV, que se passa uma vez e não se vê não se pode mais recuperar (a não ser que vá para a Internet).

No frigir dos ovos o jornal impresso continuará sobrevivendo sim, prova disso é o fato deste momento você estar lendo este artigo. Mesmo ele estando na Internet (como estará, já que nenhum jornal sobrevive sem a interlocução com a Internet) ele foi originalmente pensado para o impresso. E isso é apenas mais uma prova cabal de como o jornal impresso vem se adaptando e garantindo mais corações, mentes e fãs Mundo afora e adentro.

Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo um série de faces e interfaces na região de Picos. Professor efetivo (Assistente II – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É estudante do último ano do Doutorado em Comunicação Social na UMESP – Universidade Metodista de São Paulo, por onde também é mestre na mesma área. Fez recentemente estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.

 

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