Domingo, 06 de Outubro de 2024

Energia eólica muda realidade de municípios da região de Picos

Publicado em 04/01/2015
Por Edson Costa
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Mais de 200 torres já foram instaladas/Edson Costa

 

Se a seca há anos vem castigando os moradores dos municípios do semiárido piauiense, o vento daquela região passa a oferecer a muitos piauienses a esperança de dias melhores. É isto que já começou a acontecer nas cidades de Marcolândia, Simões e Caldeirão Grande do Piauí, cidades próximas com a divisa do Piauí com o Pernambuco. Por meio de turbinas e aerogeradores instaladas na Chapada do Araripe estes municípios produzirão energia eólica a partir de dezembro de 2017, data que será concluída a obra, quase o dobro de tudo o que é consumido por ano em todo estado do Piauí.

Com investimento privado por meio do consórcio Casa dos Ventos e pelas empresas Queiroz Galvão e ContourGlobal e Chesf, o investimento somente na conclusão da obra é de 7,1 bilhão de reais, gerando emprego para mais de 3 mil pessoas diretamente nos três municípios. Mais de 200 torres já foram instaladas de um total de 700 que formarão a primeira etapa do complexo.

O projeto de instalação do complexo eólico teve início em junho do ano passado e, segundo o Clécio Eloy, diretor executivo do consórcio Casa dos Ventos, mais de 2 bilhões de reais já foram investidos na obra, recursos estes aplicados nas instalações da torres geradores de energia, arrendamento de terras, aluguel de carros e outros equipamentos e pagamento de serviços. Com o projeto não somente o setor energético irá se desenvolve no estado, mas também a geração emprego e renda, fortalecendo assim, o crescimento destas cidades.

Atualmente nestes municípios não encontra vagas em hotéis e nem casas para alugar e o comércio ganhou novo impulso. Os proprietários de terras que tem torres instaladas em suas propriedades estão faturando de R$ 1.500 até 2.000 mensais com os aluguéis das terras.

Após sua conclusão o parque eólico terá capacidade instalada na ordem de 1,400 gigawatt (GW) de energia, ou 10% de toda energia eólica produzida no Brasil. As primeiras 200 torres começarão a operar a partir de setembro deste ano com uma produção de 210 Mw. Em uma comparação do potencial do projeto uma única torre produzirá energia suficiente para abastecer qualquer uma das cidades citadas.

O lado ruim da história é que nada desta energia produzida nestas cidades será consumida no estado do Piauí. A venda já foi realizada através de leilões para distribuidoras de Minas Gerais e do Paraná. Outro fator negativo e que alguns parlamentares tem batido na tecla, dentre eles, o deputado estadual Rubem Martins, é que todo ICMS que poderia ser gerado na comercialização da energia fica para os estados consumidores. 

Em entrevista a nossa reportagem por ocasião da comemoração do 23º aniversário de Caldeirão Grande do Piauí, no último dia 29 de abril, o deputado estadual Rubem Martins ressaltou sua indignação. “Não acho justo e já chamei a atenção do governador, dos senadores, dos deputados federais e estaduais. Não me conformo que tudo que está acontecendo hoje se acabe logo após o fim da obra, pois nada de energia ficará para nosso estado, o imposto do ICMS ficará para o estado consumidor e os empregos serão consideravelmente reduzidos, ficando apenas os alugueis das terras onde as torres estão instaladas e alguns empregos. É muito pouco para nosso estado”, disse o deputado.

Deputado Rubem Martins durante entrevista em Caldeirão Grande do Piauí

Autoridades estaduais conheceram de perto o projeto eólico no último dia 24 de abril

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