Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2025

ARTIGO: Continuamos precisando de jornalistas concursados no serviço público estadual no Piauí

Publicado em 21/12/2014
Por Marta Soares
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O jornalismo tem uma função crucial na sociedade que é o de mediar informações, fatos e tendências. Ele pode ser feito de inúmeras maneiras, estilos e vivenciar uma infinidade de acontecimentos. O jornalismo pode ser feito pela iniciativa privada (como estas linhas que você lê agora – publicadas em um jornal de uma empresa) ou também pelos órgãos públicos, geralmente divulgando fatos dos poderes municipais, estaduais e federal.

Mesmo após alguns golpes desferidos contra quem acreditava que a história da obrigatoriedade do diploma para quem exerce a área iria acabar com a profissão, nada mais preocupa os jornalistas brasileiros (notadamente os sofredores do Piauí) do que a garantia de um emprego. Emprego está difícil em todas as áreas, inclusive no jornalismo.Até há vagas para sub-empregos, mas os bons salários são raros. Muitos deles estão no serviço público.

A profissão de jornalista tem sofrido profundas mudanças neste Século XXI, bem como de transformações constantes enquanto sua função social e, mais ainda, enquanto à mediação de informações (tipos, formas, sujeitos, direitos e deveres, além da potencialidade das questões éticas).

O jornalismo no serviço público é mais que estratégico, principalmente quando temos presidentes, ministros, deputados, senadores, vereadores, prefeitos, secretários, diretores: realmente interessados em fazer acontecer.

Em um serviço público sério o concursado tem tudo para fazer seus serviços a contento: informar sobre os órgãos e poderes que auxilia, bem como ajudar seus assessorados no sentido de imagem e de mediação informacional.

Um jornalista no serviço público nunca deve ser de “puxar o saco”, “babar”, “bajular” e de realizar serviços da profissão mais antiga do Mundo, que, defendo, é a de bajulador. Babão é uma atividade do Século XIX tão incongruente como o serviço público moderno quanto o nepotismo e a corrupção.

Por isso que temos de defender, inclusive como bandeira social e de categoria, o concurso urgente para preenchimento das vagas de assessoria de comunicação de órgãos públicos e, notadamente, nos sete meios de comunicação estatais do Piauí (quatro televisões – TVs Antares e Assembleia, em Teresina, TV Delta, em Parnaíba, TV Picos, em Picos – e três rádios: Antares AM e FM e Assembleia FM). Todos esses canais são bancados com o seu, com o meu, com o nosso dinheiro e são tidos como vitrine pelo Governo do Piauí, que é quem mais contrata jornalistas hoje no estado.

É inadmissível que mais de 95% dos profissionais de informação (e olha que são às dezenas o número total) não tenham garantias de trabalho e fiquem à mercê do bel prazer dos mandatários de plantão. A cada mudança de governo (ou até mudanças de secretários) jornalistas são trocados, muitos deles competentes por incompetentes. Com o atual sistema o que mais vale é o poder do Q.I., o velho “quem indica”. Muitas vezes bons jornalistas são indicados para esses cargos, mas, com certeza, outra série de jornalistas preparados que não querem se submeter ao poder, terminam por ficar de fora de meios de comunicação que poderiam ter um trabalho diferencial ou até das assessorias, que poderiam ter excelentes serviços se geridas por profissionais de carreira.

Não sou contra quem está ocupando tais cargos, afinal são pessoas que precisam sustentar famílias, alimentar sonhos, mas defendo o concurso público, pois nada mais do que ele emancipa um sujeito no serviço estatal. Muitas e muitos desses colegas estão há anos em cargos comissionados, mas também têm de ter conhecimento da volatilidade do que fazem hoje.

Em mais um abril foi comemorado o Dia do Jornalista (dia sete), inclusive houveram várias homenagens de deputados, prefeitos, do Governo do Estado. O maior presente que a categoria, notadamente quem sabe que é pelo estudo que se consegue vencer, é a realização de concurso público para a área, nem que seja para, em um primeiro momento, preencher apenas algumas vagas. Mas seria já um primeiro passo da modernização e de novos tempos.

Parabéns aos colegas pela data e, sonhos imaginados solitariamente continuarão só no mundo das ideias; sonhos coletivizados em uma luta sólida, viram realidade. O sonho do concurso precisa ganhar corações e mentes!

Orlando Maurício de Carvalho Berti
Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo uma série de faces e interfaces na região de Picos. Professor efetivo (Assistente II – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É doutor em Comunicação Social na UMESP – Universidade Metodista de São Paulo, por onde também é mestre na mesma área. Fez estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.

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