Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2025

ARTIGO: O Universo, o Acadêmico, Bach e o Homem da Muriçoca

Publicado em 10/12/2014
Por Marta Soares
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No concerto das esferas celestes, citando o físico, matemático e astrônomo italiano Galileu Galilei, aduz-se que Deus fez uso da matemática como o alfabeto para escrever o Universo, posto que cada peça da engrenagem encontra-se disposta com tal perfeição, que só mesmo usando Leis Matemáticas para pôr em circulação harmônica os corpos nele existentes, sem que um colida no outro ou mesmo invada o espaço alheio.

De igual forma, vê-se estabelecido, na orbe terrestre, uma concatenação de elementos que leva a crer que “Deus não jogou dados”, relembrando Albert Einstein, quando Ele estacionou cada um dos seus componentes em nichos variados de sua criação, vez que se encontram arranjados respeitando as Leis da Física, provadas estas através de complexos cálculos matemáticos, o que se conclui, por óbvio, que Ele é perfeito em tudo que faz, portanto DEUS.

Já o homem, criatura dEle, parece se valer, quase sempre, da fortuna (sorte) para criar o seu universo particular, por corolário comete equívocos infindáveis. É por essa razão que a desgraça se abate com frequência na vida humana, porque eles, diferentemente do seu Criador, insistem em construir castelos em fundações de areia.

Mas, observando a evolução da humanidade, percebe-se que o homem se aproxima da inteligência de Deus, quando passa a desenvolver o seu intelecto, ilustrando o seu espírito com as luzes do saber, que representa o primeiro degrau para a saída da caverna da alegoria expressa no Livro VII da República de Platão, em cujas trevas da ignorância imperam somente esboços e arquétipos falhos do mundo inteligível.

Indubitavelmente, durante o transcorrer dos séculos, foram surgindo diversas expressões de conhecimentos científicos, acúmulos de saberes elevados que permitiram o avanço das tecnologias, das ciências e das artes, os quais se encontram consubstanciados em livros que chegaram até esta época.

Para citar, as majestosas melodias do prolífico Bach, registradas em livros de partituras clássicas, representam para os amantes da música erudita uma das maiores expressões de estudo e inspiração que já existiu em todos os tempos. De fato, auscultar as notas celestiais desse compositor alemão é o mesmo que reapreciar os sons que eram produzidos, imagina-se, quando as mãos de Deus trabalhavam criando o Universo.

Infelizmente, como já dito alhures, o homem, ao contrário de Deus, comete erros crassos, sobretudo se ele esquiva-se da luz do saber, evitando se desvencilhar dos grilhões que o prendem a ideias e a comportamentos que destoam daqueles que se pretendem a aprender, dia a dia, como um oleiro, moldando seu vaso, até torná-lo uma obra que se aproxima da de Deus, um escultura de Moisés de Michelangelo (Parla!).

Cediço é que o que faz um homem culto e sábio não é simplesmente um diploma universitário, dentro de um canudo; se assim fosse, não seriam vistos diversos deles que receberam o grau de bacharel, fazendo coro à música do serelepe Homem da Muriçoca ou em outro shows de semelhante estatura intelectual.

Aprofundando a discussão, calha dizer que seria motivo de escândalo nas comunidades cristãs (católicas e evangélicas) se os seus corais começassem a entoar cânticos com letras de banda de forró ou de outros carnavais. Caso isso se sucedesse, um Armagedom instalar-se-ia, incontinenti, entre o rebanho das ovelhas pertencentes ao aprisco cristão, provocando uma veraz diáspora do povo de Deus.

Agora, isso parece não ocorrer entre os que carregam livros e possuem canudos de nível superior, posto que eles próprios invertem a ordem natural das coisas, quando alçam aos céus o que é rasteiro, bronco, pesado e disforme como pedra bruta e tosca, tal como se vê em shows que são vocacionados à massa inculta, em que uma turba de universitários e de profissionais liberais fazem coro a uma ode à ignorância.

Em assim posto, cumpre relembrar, neste arremate, o que ocorreu ao homem ilustrado da Alegoria da Caverna de Platão, o qual fora morto por seus pares, quando tentou convencê-los a abandonar o sombrio antro em que estavam aprisionados. Por fim, encerra-se este arrazoado deixando cada um dos que este lê no meio de uma ponte imaginária, a qual leva a duas opções certas: uma ao Homem da Muriçoca e a outra ao divino Bach. Que cada um faça sua escolha e viva como queira.

ANTÔNIO MADSON VIEIRA DE OLIVEIRA – SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – LOTADO EM PICOS-PI

 

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