Quinta-Feira, 30 de Outubro de 2025

A evolução do Jornalismo no Sertão do Piauí. O papel da universidade em uma revolução silenciosa

Publicado em 17/12/2012
Por Marta Soares
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O Jornalismo em todo o Sertão do Piauí evoluiu! E muito! Isso é um fato premente em todas as rodas de discussão, sejam elas populares ou acadêmicas. Em praticamente todos os meios de comunicação: impressos, radiofônicos, na televisão local – que ainda é uma bebê – ou na coqueluche Internet – nota-se no Sertão piauiense um avanço em qualidade, em seriedade e, principalmente, no compromisso dos que ali comunicam, no sentido de atuarem em prol dessa região do País, uma das mais pobres e historicamente esquecidas pelos poderes públicos. 

Um dos grandes motivos, entre a evolução tecnológica e de maior acesso à informação, é notada através da formação acadêmica desses novos jornalistas. Quando falamos “novos” é no sentido de serem neófitos na formação acadêmica. Mas boa parte dos jornalistas, hoje graduados em Picos, já era formada por profissionais de imprensa com atuação há mais de dez, vinte ou mais anos. Esses profissionais, em junção com os formados recentemente, esses sim, novos, formam essa nova imprensa no Sertão do Piauí.

Então, seguindo-se uma linha de raciocínio, há três grandes hipóteses para esse desenvolvimento: a primeira, a formação acadêmica em si; a segunda, a qualificação acadêmica de profissionais que já estavam no mercado; e, finalmente, a terceira, a assimilação da necessidade de novos olhares e novas práticas.

A formação acadêmica dos jornalistas de Picos teve início há dez anos com a implantação do curso de Jornalismo na Universidade Estadual do Piauí. Essa graduação superior foi instalada após anos de lutas de vários profissionais de comunicação que atuavam na mídia da região. O curso da UESPI já formou cinco turmas de jornalistas, alguns deles fazendo mestrado e uma ex-aluna fazendo doutorado na Universidade de São Paulo, uma das mais importantes do Mundo. Há seis anos foi aberto o segundo curso superior de Jornalismo em Picos, o da Faculdade R.Sá. Os melhores professores da UESPI foram escalados para fazer parte da equipe dessa instituição. Um fator extra na R.Sá é a pesquisa científica, inclusive com publicações internacionais de alunos e professores.

Destaca-se que em todo o Piauí só há curso superior em Jornalismo em Teresina e em Picos. A Capital do Mel está em um raio de quase 300 quilômetros como única opção de formação superior nessa área.

A instalação e contribuição científica da UESPI e da Faculdade R.Sá foram vitais para a segunda hipótese, que é a da qualificação acadêmica de profissionais que já estavam no mercado. Ao contrário de vários lugares do país, inclusive em muitos casos de Teresina, em Picos, a maioria dos profissionais de imprensa, alguns deles com nome no mercado, procuraram a Academia para qualificar-se, o que brindou ainda mais o conhecimento acadêmico, unindo a formação que eles tinham na “universidade da vida” com os conhecimentos acadêmicos, notadamente os teóricos e empíricos, de um novo fazer jornalístico.

A assimilação da necessidade de novos olhares e novas práticas é a terceira hipótese, sendo justificada pelas visões proporcionadas pela universidade de encarar horizontalmente o que ocorre comunicacionalmente, inclusive, no sentido de pensar e trabalhar a gestão de problemas comunicacionais no Sertão do Piauí. Esses atos foram potencializados por universitários que queriam aprender e por professores que tinham muito a ensinar, mesmo com as dificuldades de Picos estar distante dos grandes centros de mídia do Brasil.

Não podemos ser ingênuos de que tudo está perfeito! Longe disso! Por isso, prezada leitora, prezado leitor, cobre mais da imprensa, critique mais, sugira, não fique contente! Mas elogie nos momentos oportunos, e, principalmente louve quando a imprensa também acertar! As duas universidades de Picos que oferecem o curso de Jornalismo continuam lotadas de pessoas de bem, de gente que faz e continuará fazendo a diferença. Só basta estarem antenados com a ética, o compromisso social e da construção de um mundo mais justo!

Por isso que toda essa evolução, que nunca será completa, mas sempre em constante transformação, caracteriza-se como uma revolução silenciosa, não só na educação superior do Sertão do Piauí, mas também com consequências diretas para toda a sociedade.

Orlando Maurício de Carvalho Berti
Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo quase tudo na região de Picos. Professor efetivo (Assistente II – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É estudante do sexto semestre do Doutorado em Comunicação Social na UMESP – Universidade Metodista de São Paulo, por onde também é mestre na mesma área. Fez recentemente estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.

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