Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2025

ARTIGO: Cada vez mais o crack vai bater na sua porta

Publicado em 27/11/2014
Por Marta Soares
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Falar que o crack vai bater na porta da gente é uma figura de linguagem para mostrar quanto tão próximo essa droga está destruindo a sociedade. Mesmo ela não tendo atingido diretamente sua vida e a vida de parentes, com certeza, sua rotina tem mudado por causa dessa droga.

Sabemos que o crack é a droga que tem provocado epidemia sem precedentes no Brasil. E o que antes era um problema apenas de grandes centros, tem atingido cidades menores. Em Picos a droga está instalada com força há anos e até nas cidades e comunidades mais calmas, já chegou com força de furacão.

Ela não só destrói famílias, mas também a sociedade em geral. Pode ter certeza, mesmo que ninguém de sua família tenha a possibilidade de se viciar (o que não é muito difícil ocorrer) ela baterá em sua porta.

Pois o vício é apenas um dos problemas sociais causados e que devem motivar uma cruzada de todas as pessoas de bem contra esse sério problema.

O crack não só vicia, mas contamina e se dissipa em uma velocidade meteórica, provocando uma geração de zumbis. E olha que não são os zumbis que gostam de cérebros (como vemos nos filmes).

Os novos zumbis são piores. Destroem a sociedade quase por um todo. Minam aos poucos a seriedade social e vagam, indo e voltando, atrás de mais e mais droga, em um crescimento exponencial que a qualquer hora será difícil de controlar.

A fissura pela droga é tão grande que o quê ou quem estiver pela frente é alvo fácil. Por isso vemos recentes casos de latrocínios e crimes cometidos por viciados da droga (sob o efeito dela ou para terem recursos para conseguir o produto).

O crack baterá à sua porta não como droga que já está viciando várias casas pelo País, ou tirando filhos, irmãos, primos, pais e mães de casa, mas bate via violência. A droga é tão poderosa e tão viciante que uma parte dos zumbis vítimas e que se submetem à droga terminam fazendo crimes, alguns deles ocasionando mortes.

Continuamos a indagar: ou você acha que pode sair de casa tranquilo? De que pode deixar uma moto, um carro, uma bicicleta tranquilamente? O crack tem dominado as cidades menores, os lugares tidos de paz, de tranquilidade. E o que podemos fazer? Fazer! Ficar caladas e calados é que não dá. A apatia ou o empurrar o problema para baixo do tapete só pioram o problema do crack.

Temos de agir em três frentes. E cobrar, com igual afinco ações públicas e cidadãs acerca do problema. A primeira delas é a da educação, base para as outras duas: tratamento aos dependentes e forte repressão aos que lucram milhões de reais com isso: o tráfico.

A educação contra o crack se faz via prevenção, pois uma maioria não é viciada. Com forte prevenção e conscientização nas escolas, principalmente desmistificando que o traficante é um ser do bem, ou um coitado vítima da sociedade, além do fortalecimento de políticas públicas verdadeiras, pode inibir que se faça o uso de drogas tidas como “leves”, muitas delas o primeiro passo para o crack.

Já o tratamento contra o crack deve ser feito de maneira enérgica e quase universal, aos que queiram e aos que não queiram. Um dos grandes problemas do vício é o difícil controle e a dissimulação dos viciados que, para não deixar a droga, inventam mil desculpas. Deve haver muito mais clínicas, tratamento humanizado e a exacerbação da segunda chance para todas e todos que queiram sair do vício.

A repressão ao crack tem de ser feita principalmente prendendo os cabeças, os grandes traficantes. Não adianta nada prender traficante com 20, 30, 50 pedras, tem de pegar quem traz as centenas de quilos. Isso denota investimento em inteligência policial, pois qualquer pessoa de qualquer cidade sabe facilmente quem vende e quem leva e trás drogas. É só investigar, afastar os investigadores corruptos e punir os traficantes severamente, principalmente tendo de pagar os tratamentos dos viciados.

Orlando Maurício de Carvalho Berti
Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo um série de faces e interfaces na região de Picos. Professor efetivo (Adjunto I – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É doutor em Comunicação Social pela UMESP – Universidade Metodista de São Paulo – por onde também é mestre na mesma área. Fez recentemente estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.

 

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