Vivemos entremeio a uma geração de monstros. Não são seres horripilantes dos filmes norte-americanos e das histórias da carochinha. São monstros reais, seres que não cospem fogo, mas fazem estragos homéricos. Seres que não são zumbis mas que azucrinam a paciência de muita gente ao ponto de quase derreterem seus cérebros. Seres que não têm super-poderes mas que terminam prejudicando coletivamente muita gente como se fosse um raio laser.
Esses monstros são uma parte dos adolescentes e pré-adolescentes de nossa contemporaneidade. A geração de que tudo pode e que quase nada entende de limites. Uma geração muito mais mal amada, muito mais mal criada e muito mais vítima do que qualquer outra. Sim, vítima! Pois não adianta culpar somente as crianças, pré-adolescentes e adolescentes de comportamentos monstruosos. Muitos são a imagem, perfeição e evolução dos pais.
Destacando que essa monstruosidade é uma grande consequência da Sociedade do Ter que tenta dominar a Sociedade do Ser. A mesma sociedade que faz qualquer adolescente saber, por exemplo o que é a música da “Muriçoca” (dentre outras aberrações) mas que, ao mesmo tempo, termina por fazer que uma maioria não saiba uma simples operação matemática.
Ter, possuir, ostentar, camarotizar é mais importante que ser, que ler, que estudar e que vivenciar para esses monstros. De quem é a culpa? De todos nós, membros de uma sociedade metida a liberal mas que, dia após dia, entra mais e mais no consumo e na hipocrisia. De uma sociedade que se preocupa em bradar direitos (mais que importantes) mas que esquece (mais e mais) dos seus deveres.
Claro que não são todos, mas muitos jovens são criados como Deus criou batata, cheio de regalias e vícios, muitas vezes vivendo por incentivo de pais irresponsáveis. Lembrando que a família, como principal elo entre o adolescente e a sociedade é sim (por mais que joguem a bomba no colo da escola) a principal responsável pela criação, boa ou não, de um filho, principalmente se esse for adolescente.
Já que a adolescência é a fase nata da rebeldia, o período em que naturalmente os filhos, sobrinhos, netos, terminam por querer contestar.
Por isso vimos, mais e mais, pais que se preocupam mais em querer sanar carências afetivas com aparatos tecnológicos e que nunca tiveram a preocupação em vivenciar uma conversa de mais de meia hora com os filhos.
Pais ausentes, pais polígamos, pais que descontam as frustrações na cachaça, no consumo, pais que não sabem o conceito básico de família (e não falo de família pai e mãe, viu, falo de FAMÍLIA, de verdade, seja com um pai, com dois, com cinco, mas com AMOR!).
Nunca o conceito de pai é o que cria, não é o que faz, esteve tão em evidência, foi tão importante e premente em ser refletido.
Pais que se preocupam em dar as roupas mais caras para os filhos, mas que nunca perguntaram o conteúdo que eles vêem na escola, que nunca se preocupam com a evolução escolar dos filhos.
Pais que nunca brigam, que nunca dão limites, pais que sequer instigam a evolução dos filhos.
Pais monstros que criam os filhos sua imagem e semelhança, bem piorada, porque a Escola do Mundo, piora esse tipo de raça.
E assim caminha parte da sociedade! Por isso, muitas vezes, é melhor não ser pai ou não ser mãe, a criar filhos como Deus criou batatas!
Que não sejam batatas monstrificadas, mas batatas que se revelem seres de verdade. Mas, repetimos: não podem jogar só no colo da escola. A família tem de participar.
A solução? Diálogo, reflexão, educação, mais leitura, mais diálogo, mais reflexão e muito mais educação.
Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo um série de faces e interfaces na região de Picos. Professor efetivo (Adjunto I – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É doutor em Comunicação Social pela UMESP – Universidade Metodista de São Paulo – por onde também é mestre na mesma área. Fez estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.