Quinta-Feira, 10 de Outubro de 2024

Moradores do Val Paraíso alegam que prefeitura não cumpre acordo e aterro causa problemas

Publicado em 23/06/2014
Por Marta Soares
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Imagem da última manifestação feita no aterro sanitário de Picos, dia 12 de agosto/Erivan Costa

 

Nossa equipe de reportagem esteve nesta manhã no povoado e ouviu dos moradores que a presença do aterro naquele local em situações, não condizentes com as inicialmente prometidas pela gestão municipal, estão causando transtornos como problemas de saúde, queda na produção de mel dos pequenos apicultores, morte do gado e o problema atinge até os pequenos comerciantes.

Resumindo o que diz o acordo presente na Ação Civil Pública de número 2358-78.2011.8.18.0032, com data de 12 de agosto de 2014, a comunidade do Val Paraíso se comprometeria a não obstar o acesso ao aterro sanitário pelos funcionários da administração pública municipal, em contrapartida, o município deveria se comprometer a, no prazo de 20 dias, somente depositar resíduos sólidos em valas devidamente impermeabilizadas através de mantas. Caberia também ao município fazer o aterramento do lixo duas vezes por semana e após o prazo de adequação de 20 dias, proceder com o aterramento diário. Em caso de descumprimento das cláusulas, o município receberia multa diária de R$ 1.000,00, não ultrapassando o montante de R$ 30.000,00.

Alegando que a prefeitura não estava cumprindo com o acordo, moradores retornaram à 1ª Promotoria de Justiça, munidos de fotos, alegando que o acordo passou a ser quebrado pela prefeitura desde o dia 16 de agosto.

Alguns moradores falaram à nossa reportagem sobre os problemas. Segundo Raimundo Antônio de Araújo, que é agricultor, a situação é crítica porque a prefeitura não cumpre o acordo de depositar o lixo nas valas com manta: “de aterro isso não tem nada, é um lixão a céu aberto. Os urubus que vêm de lá, bebem da água dos barreiros e a contamina, matando até o bichinhos que a gente cria aqui”, disse.

Alcenor Batista disse que a cada manifestação feita pelos moradores do Val Paraíso, a prefeitura inicialmente cumpre o que promete, mas dias depois tudo volta a ser feito de forma errada. “Antes a gente não via uma mosca aqui, agora é cada mosca grande que a gente não pode mais nem botar uma carne no sol pra fazer um churrasco porque as moscam cobrem tudo”, lamentou.

O apicultor Manoel Lemos disse que as abelhas estão morrendo por conta do aterro: “o mel que ainda produzimos aqui não é bem aceito pelos compradores. Eles perguntam logo se o enxame fica perto do lixão e quando sabe que é daqui, não querem comprar. Aí fica ruim porque a gente vive disso aqui”, afirmou.

O problema não surge apenas no cenário econômico, mas também na saúde dos moradores. José Antônio Araújo, de 73 anos, diz que passou a ter crises de garganta após a instalação do aterro.

A comerciante Rosilene de Moura também foi incisiva quanto aos problemas: “o povo daqui está desacreditado nas promessas, porque já foram feito vários acordos e eles não cumprem. Nós é quem estamos sendo prejudicados. Eu, como comerciante me prejudico também porque quem compra aqui tira sua renda da apicultura, da agricultura e as abelhas não estão mais produzindo e o gado tá morrendo. A gente só quer que o prefeito tenha consciência do que ele nos disse aqui porque se o aterro estivesse do jeito que ele veio aqui e prometeu, tenho certeza que não estava nos prejudicando tanto”.

Segundo os moradores, cerca de 10 animais de grande porte já morreram de causas não explicadas. “Eles bebem da água dos barreiros, que os urubus que vêm de lá também bebem e estão adoecendo. Eles perdem a força e simplesmente caem, passando dias agonizando até morrer”, disse Neto Araújo, que é agricultor.

O aterro sanitário de Picos foi instalado há 01 ano e 03 meses em uma área de 55 hectares, próximo à BR 316. Desde sua instalação, os moradores do povoado Val paraíso, que fica há 3 km do aterro, estão inconformados.

A Coordenadoria de Comunicação da prefeitura nos informou que o responsável pelas informações sobre o aterro é o secretário de meio ambiente e recursos hídricos, Glauber Silva. Nesta tarde, tentamos contato com o mesmo por telefone, mas não obtivemos retorno. O Folha Atual deixa o espaço aberto para que o município, seja através do prefeito, da sua assessoria ou o secretário, possa esclarecer e dar a sua versão dos fatos.


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