A morte do ex-governador de Pernambuco e candidato a presidente da República pelo PSB Eduardo Campos, literalmente, mexe e mexerá com a história política de nosso País. E não duvide que tenhamos muitos respingos em nosso Piauí. É um caso mais que emblemático, principalmente pela forma do ineditismo e também da comoção gerada pela morte. É um caso que será estudado por midiólogos, historiadores, cientistas políticos, psicólogos, sociólogos e vários outros profissionais.
Campos se foi, mas deixou como herança uma das mais acaloradas discussões políticas da história democrática do Brasil. Não há um eleitor brasileiro sequer que não tenha tocado no assunto. O assunto Eduardo Campos está, literalmente, na boca do povo. No mínimo: a morte do candidato, que tinha 49 anos, gerou novas discussões políticas e um maior interesse do brasileiro em debater uma campanha eleitoral até então calma e não envolvente.
Tudo caminhava para a campanha com mais abstenções na História do Brasil, recheada de profundo desinteresse, pois os candidatos representavam quase sempre o esquema “mais do mesmo”.
Mas aí veio o avião, o estraçalhamento, a morte de Eduardo Campos, do piloto, do co-piloto e de outros quatro queridos assessores e o vôo que não foi completado gerou vôos maiores de especulação e de uma mega-comoção no Brasil.
O velório e enterro do político pernambucano foram um espetáculo midiático digno de celebridade pop mundial. Todos procuraram tirar uma “lasquinha” do caixão. Inclusive, alguns com sentimento de idiotismo e ego exacerbados até fizeram selfie com a esquife do político.
Mas a maior herança de Eduardo Campos ficará para as eleições deste ano no Brasil e também para as próximas que vierem, principalmente na promoção de novas discussões, no fazer crer a boa parte da população que as velhas dicotomias políticas (em só ter um lado ou outro) podem ser quebradas com terceiras, quartas e várias outras vias, que há soluções sim para o Brasil e que o brasileiro pode sim mudar todas elas.
A morte de Eduardo Campos também pôs e porá à prova o marketing eleitoral, que são atitudes muito bem estudadas que tentam transformar qualquer candidato que não vale nada em um produto. Por isso você nota que geralmente um candidato muda sua forma de vestir, seus discursos e até formas de pensar justamente para afagar a ação de marqueteiros. Munidos de muitas pesquisas eles transformam os candidatos no que “o povo quer”.
Com a morte de Eduardo Campos as estratégias de marketing eleitoral foram todas por água abaixo. Por isso viu-se tanta difamação, tiros comunicacionais para todo lado, principalmente contra Marina Silva, eventual substituta (eleitoralmente com mais votos) do candidato falecido.
Somos testemunhas de uma história de muitos capítulos e que terá muitos desfechos, mas somos privilegiados por fazermos parte dela e ela trazer mais discussões para um Brasil melhor.
Viva a memória de Eduardo Campos! E, principalmente, viva a democracia no País.
Não nos deixemos apenas contaminar com a situação emocional, mas que possamos refletir com a nova situação política eleitoral quem mais está preparada ou preparado para exercer o cargo máximo da política brasileira e poder trazer mais e mais melhorias para nosso País.
Orlando Maurício de Carvalho Berti
Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo um série de faces e interfaces na região de Picos. Professor efetivo (Adjunto I – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É doutor em Comunicação Social pela UMESP – Universidade Metodista de São Paulo – por onde também é mestre na mesma área. Fez recentemente estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.