Terça-Feira, 13 de Maio de 2025

ARTIGO: CULTURA NA RUA

Publicado em 08/04/2014
Por Marta Soares
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Meu pai costumava dizer que “...as coisas mais simples e fáceis são sempre mais penosas e difíceis de serem feitas quando se faz a contragosto ou por força da obrigação de fazer”.  Dizia isso quando me mandava à mercearia comprar arroz ou feijão, justamente na hora do filme ou programa que gostava na TV Tupi de São Paulo, isso em 1965. (televisão era novidade nessa época).  Menino, eu ia todo molenga, meio amofinado, demorando-me a sair de frente da TV.

Como castigo pela demora, era obrigado a ler em voz alta vinte páginas de um livro e depois escrever todo o texto em um caderno. Descobriria depois o quanto me foi bom aqueles corretivos! Lembro-me bem de suas palavras, elas ainda ecoam nos meus ouvidos: “Leia, leia muito!” Ele não abria a boca para dizer coisas inúteis. Quando falava, só dizia palavras de alto quilate gramatical, como o meu irmão se expressou um dia. Quatro anos depois, meu pai partiria para a espiritualidade.

Hoje moveria o mundo para atendê-lo, seja no que for, e leria muito mais!

Adulto e com certa idade, eu ainda tento repetir o meu pai que vivia de Cultura, de poesia e as fazia brincando.  Mas enveredei um pouco para a cinematografia e para a escrita e aqui estou, envolvido com as coisas de Roteiro e de Direção de cinema e da literatura, com alguns amigos de Picos; Às vezes ouço alguém expondo com naturalidade sobre o que temos conseguido realizar. Eu respondo que o que fazemos nada é a contragosto!  A cada momento há sempre algo a criar.  Parecem infinitas as ações a realizar... E o mais interessante, sempre surgem novos lances à frente e seria um tortura viver sem produzir; pois uma coisa tão fácil, tão simples a princípio, tão próximo, tão possível, tão barato de fazer e acabar não fazendo... É como passar pela vida e não viver.

E o que seria? Pode perguntar alguém: “É o “Quinta Show - Cultura na Rua” num molde simples e atraente. Seus autores, o poeta e cantor Solon Reis, Sherley Lima, Ivo Farias, Edy Forró Sakana, Marcelo Luz e este que escreve, animados com essa imagem, seguimos adiante, irrequietos, quase como meninos, pela chegada da quinta-feira sempre que uma quinta se vai.

Simples assim, desse jeito, no Meio da Rua, sem qualquer interesse, sem ingerência, sem exigência ou cobrança. Tudo se fez alto, sem ser superior, mas com o intuito de levar o entretenimento para a coletividade tornando o cidadão mais crítico!  E por quê?  Porque, como dizia meu pai: “-- É porque nas veias do artista corre a Arte”, e vamos para os mais diversos locais de Picos, bairros, vielas, ruas, praças, travessas e povoados, e em breve outras cidades.  Artistas se apresentando com música, poesia, Arte e Cinema; na distribuição de livros, revistas, CDs e DVDs e isso tudo de graça.

Não há restrição de idade, sexo, de opinião. Todos são convidados a participar com o talento que possui, seja poeta, escritor, pintor ou um simples colaborador.

Ora, se os amigos se encontram na Rua para um bate-papo, sentados em suas calçadas, ao sabor da aura cálida, então o Repiau Show da Associação Cultural Solon Reis, pode aproximar ainda mais as pessoas e fazer crescer e desenvolver a nossa Cultura regional, tornando-a mais contígua e acolhedora. Fazendo da Rua não somente um trajeto de ir e vir, mas um ponto de encontro de Amigos.

 

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