Domingo, 06 de Outubro de 2024

Cisternas mudam paisagem do interior do Piauí

Publicado em 30/01/2014
Por Jailson Dias
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Família beneficiada com cisterna de polietileno /Ascom

O semiárido brasileiro vive uma das piores secas das últimas cinco décadas. Em 2013, o estado do Piauí, por exemplo, 93% do seu território decretou situação de emergência. Segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil, 210 dos 224 municípios piauienses sofreram perdas severas com a estiagem prolongada. Por isso, para amenizar os efeitos das altas temperaturas e a escassez de água potável, o estado do Piauí está sendo beneficiado com a instalação de 32.660 cisternas de polietileno, por meio do Programa Água Para Todos (APT), via Ministério da Integração Nacional (MIN).

"Desse total já instalamos 3.572 reservatórios que correspondem ao primeiro lote. Nesse segundo momento, estamos realizando cadastro em cidades como Aroazes, Alto Longá, Amarante, Barras, Batalha, Cocal, Currais, Floriano, Fronteiras, José de Freitas, São José do Divino e União. Ao todo, serão mais 80 municípios atendidos nessa segunda etapa", disse o coordenador do APT da 7ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Márcio Leite.

A produção das novas 29.088 cisternas de polietileno será realizada nas fábricas da Acqualimp, empresa especializada em soluções para água, localizadas em Teresina e Petrolina (PE). Além da fabricação, o novo contrato com a Codevasf também prevê que a empresa será responsável pelo transporte e instalação dos equipamentos. O objetivo é garantir velocidade, fazendo que os reservatórios cheguem de forma mais rápida para quem precisa.

Entre os municípios já beneficiados estão Alagoinha do Piauí, Bocaina, Buriti dos Montes, Conceição do Canindé, Geminiano, Itaueira, Lagoa de São Francisco, Milton Brandão, Nazaré, Nova Santa Rita, Paquetá, Patos, Paulistana, São João da Serra, São Miguel do Tapuio e Valença. "As cisternas são um marco para a cidade. Aqui o agricultor não tinha a cultura de reservar água da chuva em grande escala. Até mesmo em tempos de seca, fica mais fácil para a Prefeitura atendê-los com abastecimento de carro-pipa", disse o prefeito de Alagoinha do Piauí, Pedro Otacílio, que foi atendido com 350 cisternas de polietileno.

Os reservatórios captam a água da chuva e permitem o armazenamento de 16 mil litros, garantindo condições para uma família de quatro a cinco pessoas se manter por até nove meses de estiagem, cenário típico do semiárido nordestino. "Antes ninguém tinha onde juntar água e a gente tinha que ir buscar água no cacimbão, umas cinco vezes por dia. Era muito difícil, andava muito e nunca tinha o suficiente em casa. Agora as coisas mudaram. A gente tem água na porta de casa e por muito tempo, porque a cisternas é grande e cabe muita água", comentou o agricultor João Anias de Sá, 73 anos, morador da comunidade João Ferreira, de Alagoinha do Piauí.

O material utilizado na fabricação dos reservatórios é adequado à região. "A resina de polietileno somente pode fundir a uma temperatura de 147o C, sendo que na região a temperatura máxima pode oscilar em torno de 50o C em períodos de clima mais severo, o que desmistifica a informação incorreta de que as cisternas derretem no calor do sertão. Além disso, essa é uma tecnologia consolidada internacionalmente e utilizada há mais de duas décadas em países com temperaturas semelhantes ou até mais críticas que as encontradas no Nordeste brasileiro", explicou Amauri Ramos, diretor da Acqualimp. A durabilidade e resistência é outra característica do reservatório. "O polietileno, por sua elasticidade, impede que os tanques apresentem fissuras e trincas. O uso do polietileno também impede vazamentos da água, assim como a contaminação por outros líquidos e resíduos sólidos. Desta forma, preserva a qualidade da água armazenada e proporciona benefícios para a saúde da população atendida. Uma cisterna de polietileno pode durar mais de 30 anos", conclui Ramos.

Como participar

Para ser atendido pelo programa é necessário que beneficiário esteja inscrito no Cadastro Social Único (CADÚnico), do Governo Federal e que a família apresente renda familiar per capita de até R$ 140 mensais. Na dúvida, é importante procurar o Comitê Gestor da cidade ou liderança comunitária da localidade. Na ausência deles, deve acionar as Secretarias de Agricultura ou Ação Social do município. No Piauí, a Codevasf atua nessa frente e está apta para tirar dúvidas e orientar quais procedimentos são necessários para ser beneficiado com o programa sem qualquer custo.

Fonte: Ascom

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