Parte do Brasil está em choque por conta do assassinato (isso mesmo, assassinato!) do repórter cinematográfico Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes de Televisão. A morte do cinegrafista foi apenas um dos mais de cem casos envolvendo violência contra profissionais de imprensa nos últimos meses. Parte dos casos ocorreu durante as manifestações Brasil adentro.
Os atos públicos são mais que justos, principalmente, para tentar acordar um Brasil semi-imóvel e submerso na Sociedade do Ter. Realmente o País precisa dar um basta! Todos somos responsáveis por isso, inclusive a imprensa.
Mas manifestar não dá o direito de ninguém de matar e ferir. Nem por parte dos manifestantes e muito menos por parte do Estado. Quem mata e quem fere é criminoso e deve sofrer os rigores da Lei.
Entremeio a tantas manifestações está a imprensa, historicamente responsável pela informação (e até alienação) sobre os fatos decorrentes na sociedade.
De antemão, não ache que nenhum cinegrafista, fotógrafo, repórter, iluminador, auxiliar técnico (ou qualquer outro profissional de imprensa) ache mil maravilhas está no meio de um fogo cruzado. Ninguém quer morrer, ser ferido, virar herói ou heroína porque morreu vítima de um rojão, uma bala perdida ou quer que seja.
Dentre as milhares de atribuições do profissional de imprensa está o de tentar noticiar os fatos. É hipócrita a informação de que se noticia com isenção. Todos temos os nosso valores, os nossos pré-conceitos. Mas é cláusula pétrea para o bom Jornalismo que seja noticiado os fatos de acordo ao máximo com sua fidedignidade, sempre procurando ouvir os lados da história. E toda história tem muitos lados.
Em um dos lados estava Santiago Andrade, morto estupidamente por marginais, muitos deles “filhos de papai” que têm como principal atividade de vida e de luta o simples caos social.
O caso Santiago Andrade é um de milhares sobre a violência contra a imprensa brasileira. Diariamente sofre-se tentativas de censura, ameaças de morte, de taca. É mais que comum os profissionais de imprensa do Brasil sofrerem violência psicológica em que poderosos, metidos a donos da verdade cerceiam o direito aos profissionais de imprensa de noticiarem os fatos.
Que a morte de Santiago Andrade não fique impune e não seja só mais uma, mas um caso emblemático para que a imprensa seja respeitada, pois sem uma imprensa livre e a liberdade de expressão não há democracia.
Orlando Maurício de Carvalho Berti
Jornalista, nascido e criado no Sertão do Piauí, andando e conhecendo um série de faces e interfaces na região de Picos. Professor efetivo (Assistente II – DE), pesquisador e extensionista do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí. Estuda atualmente fenômenos comunicacionais ligados ao Sertão nordestino. Ex-professor e pesquisador dos cursos de Jornalismo da UESPI de Picos e da Faculdade R.Sá. É estudante do último ano do Doutorado em Comunicação Social na UMESP – Universidade Metodista de São Paulo, por onde também é mestre na mesma área. Fez recentemente estágio doutoral na Universidad de Málaga, na Espanha.