Morreu na madrugada desta quarta-feira (4), aos 92 anos, a arqueóloga Niède Guidon, uma das mais importantes pesquisadoras da história brasileira. Reconhecida internacionalmente, ela dedicou sua vida ao estudo da região do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato e Coronel José Dias, no Piauí, onde liderou escavações que mudaram o entendimento sobre a presença humana nas Américas.
A informação foi confirmada por meio de nota dos perfis oficiais do Museu da Natureza e do Parque Nacional Serra da Capivara.
Niède foi pioneira ao defender, com base em evidências arqueológicas, que o povoamento do continente americano teria ocorrido há mais de 50 mil anos — muito antes do que se acreditava até então. Suas descobertas causaram debates acalorados na comunidade científica e colocaram o Brasil no centro das discussões sobre a pré-história das Américas.
Os vestígios de presença humana foram descobertos por ela em escavações arqueológicas realizadas principalmente em abrigos rochosos naturais com muitas pinturas rupestres, no Parque Nacional Serra da Capivara, que foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1991. A teoria levantada por Niède Guidon é importante até os dias atuais, pois explica a história do povoamento das Américas.
Segundo sua teoria, os primeiros humanos chegaram ao continente a partir do Estreito de Bering, localizado entre a Sibéria e o Alasca, por volta de 12 mil anos atrás. Niède Guidon atuou na área por cinco décadas, sendo diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM). Atualmente, ela era presidenta emérita.
Por meio de nota, o Museu do Homem Americano afirmou que Niède foi uma das maiores defensoras da cultura e natureza brasileiras e enfrentou o abando do poder público. "Mais do que uma cientista, Niède foi uma incansável defensora da preservação do patrimônio cultural e natural do país. Fundou o Museu do Homem Americano e foi responsável por transformar a região da Serra da Capivara de São Raimundo Nonato em um dos mais relevantes sítios arqueológicos do mundo. Lutou, por décadas junto a sua equipe, para garantir investimentos e infraestrutura para o parque, enfrentando com firmeza o abandono do Estado", escreveu a nota.
Arqueóloga Niède Guidon recebeu título de Doutora Honoris Causa
Em julho de 2024, Niède Guidon recebeu o título de Doutora Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) em razão de suas pesquisas arqueológicas no estado. Em entrevista à imprensa, Niède disse que a homenagem recebida era uma “gentileza” por ela ter feito o trabalho no estado. “Meu trabalho foi reconhecido de uma maneira que eu nem mereço. Quem merece tudo isso é o homem pré-histórico, que deixou esse patrimônio fantástico aqui na região da Serra da Capivara”, afirmou.
Confira a nota na íntegra:
Nota - Museu do Homem Americano
Faleceu na madrugada desta quarta-feira (4), aos 92 anos, a arqueóloga Niéde Guidon, uma das mais importantes pesquisadoras da história brasileira. Reconhecida internacionalmente, ela dedicou sua vida ao estudo da região do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, onde liderou escavações que mudaram o entendimento sobre a presença humana nas Américas.
Niéde foi pioneira ao defender, com base em evidências arqueológicas, que o povoamento do continente americano teria ocorrido há mais de 50 mil anos — muito antes do que se acreditava até então. Suas descobertas causaram debates acalorados na comunidade científica e colocaram o Brasil no centro das discussões sobre a pré-história das Américas.
Mais do que uma cientista, Niéde foi uma incansável defensora da preservação do patrimônio cultural e natural do país. Fundou o Museu do Homem Americano e foi responsável por transformar a região da Serra da Capivara de São Raimundo Nonato em um dos mais relevantes sítios arqueológicos do mundo. Lutou, por décadas junto a sua equipe, para garantir investimentos e infraestrutura para o parque, enfrentando com firmeza o abandono do Estado.
Sua trajetória é marcada pela paixão, pela persistência e por uma visão generosa da ciência como instrumento de transformação social. Graças ao seu trabalho, milhares de estudantes, pesquisadores e moradores da região foram impactados, e a Serra da Capivara se tornou um símbolo do nosso passado mais remoto.
Niéde Guidon deixa um legado imensurável para a ciência, a cultura e a história do Brasil. Seu nome estará para sempre gravado nas pedras que ajudou a revelar — e nos corações de todos que sonham com um país que valorize seu patrimônio e seus cientistas.
Fonte: Portal O Dia