Domingo, 06 de Outubro de 2024

Ensino superior brasileiro em transformação: cursos a distância dominam ingressantes em 2022

Publicado em 18/10/2023
Por Redação
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Ensino à Distância/Reprodução

O Censo da Educação Superior, divulgado no início do mês, revelou uma notável mudança no cenário educacional brasileiro em 2022.

No ano passado, o número de ingressos em cursos de graduação a distância (EAD) ultrapassou a marca histórica de 3 milhões, representando um aumento substancial nos últimos anos. Essa modalidade de ensino tem se destacado, contabilizando mais de 70% dos estudantes ingressantes na graduação, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Um dado que merece destaque é o número de matrículas a distância no ensino superior privado, que corresponde a mais de 72% do total de estudantes ingressantes em 2022. Essa estatística equivale a dois em cada três alunos que optaram por se matricular em cursos EAD, sinalizando uma preferência crescente por essa modalidade.

Além disso, chama a atenção o cenário das licenciaturas e formação de professores. Mais de 93% dos ingressantes optaram por cursos na modalidade EAD nessa área, demonstrando uma tendência marcante.

O contabilista Jeferson de Sousa formou-se no modelo EAD e atualmente está fazendo pós-graduação em Docência do Ensino Superior e Contabilidade, Perícia e Auditoria na mesma modalidade. Em entrevista ao Folha Atual, o estudante informou que, para ele, o aumento de matrículas em cursos a distância reflete a busca dos estudantes por mais acessibilidade e flexibilidade de horários.


Jeferson de Sousa, pós-graduando

“A crescente busca pelo ensino a distância está ligada à necessidade de flexibilidade no horário de estudos, permitindo que os alunos conciliem o aprendizado com suas responsabilidades profissionais e pessoais, adaptando-se às necessidades contemporâneas. É importante destacar a importância do comprometimento, autodisciplina e da capacidade de gerenciar o próprio tempo para obter sucesso acadêmico nessa abordagem de ensino. Acredito que o ensino a distância é uma tendência que veio para ficar e continuará ganhando relevância no cenário educacional nos próximos anos”, afirmou o estudante.

Outro ponto de destaque nos resultados do Censo é a situação dos cursos presenciais. Em anos anteriores, observou-se uma diminuição constante no número de ingressantes nessa categoria, atingindo o valor mais baixo em 2021 dos últimos dez anos. No entanto, 2022 trouxe uma reviravolta, registrando um aumento no número de ingressantes em cursos presenciais, totalizando 1.656.172 alunos. Como resultado, o ano de 2022 contou com um total de 4.756.728 estudantes ingressando no ensino superior.

O jornalista Danilo Eliéser formou-se recentemente no modelo presencial, mas optou por fazer a pós-graduação na modalidade EAD. Assim como Jeferson, o estudante afirma que a transição foi motivada pela busca por horários acessíveis, somada à possibilidade de assistir aulas em qualquer ambiente, já que seu trabalho envolve muitas viagens.


Danilo Eliéser, pós-graduando em Criação Publicitária e Influência Digital

“O ensino online tem se revelado uma alternativa eficaz para quem não pode se prender a horários ou pontos de aulas fixos. Essa flexibilidade me permitiu continuar minha jornada acadêmica sem comprometer minha carreira profissional. Assim, minha experiência com o ensino a distância não apenas facilitou meu aprimoramento acadêmico, mas também tornou possível o alcance de metas educacionais sem as limitações tradicionais do ensino presencial”, afirmou.

No entanto, o Censo do Ensino Superior revela uma preocupação relevante. Quase 80% dos jovens entre 18 e 24 anos não estão matriculados em instituições de ensino superior, e 32,3% sequer concluíram o ensino médio. Apesar das quase 23 milhões de vagas disponíveis em 2022, apenas 4,7 milhões foram preenchidas, deixando um número significativo de vagas ociosas. Nas instituições particulares, o índice de vagas ociosas ultrapassa os 80%, enquanto nas públicas, esse número chega a quase 40%.

Esses dados do Censo da Educação Superior de 2022 mostram um cenário complexo e desafiador no ensino superior brasileiro, com a ascensão notável da modalidade EaD, mas também com questões de acesso e ocupação de vagas que requerem atenção por parte das instituições de ensino.
 

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