Surpreendo-me quando vejo pais afirmarem convictos de que uma BOA SURRA, vale mais que mil compêndios de psicologia e pedagogia.
Da mesma forma que me surpreendem também as atitudes dos pais ultra-antenados, que atentos aos métodos mais modernos entendem que devem condenar terminantemente os castigos.
Não tenho dúvida de que, mesmo às vezes por caminhos opostos, os pais querem sempre a mesma coisa, o mesmo resultado final para a educação que decidiram oferecer aos filhos: Fazer deles homens íntegros, vencedores, mentalmente saudáveis e capazes de enfrentar por si mesmos as demandas da vida.
Dentro desse contexto, milhares de pais se questionam angustiados: Bater ou não bater nos filhos?
Importante ficar claro que punir, nunca foi sinônimo de espancamento.
Os pais precisam ter consciência de que os filhos precisam de limites, sim. Precisam entender também, que o estabelecimento de limites, as tentativas de manter com os filhos, relações igualitárias, não têm nada a ver com agressão e violência. Muito menos com humilhação.
Os pais precisam redirecionar sim, as práticas na educação dos filhos, por razões óbvias: Os tempos mudaram e bater não resolve, (aliás, nunca resolveu) problema algum.
Um fato grave, é que quando apanham, algumas crianças sentem-se agredidas e pelo fato de identificarem o ato, como uma ação humilhante e covarde, reagem e ousam enfrentar os pais com reações do tipo: “BATA MAIS”; “NEM DOEU”, “IH, NEM CHOREI”. Essa atitude pode resultar em ações de descontrole dos pais, que perdendo o domínio de si próprios, podem provocar a partir daí, pancadarias, agressões violentas e até espancamentos.
Também é fato que muitos pais, depois da surra, alimentam mal-estar consigo próprios, desenvolvem sentimentos de culpa e consequentemente o desejo de se redimir. E aí mora também um perigo... Na ânsia de se desculparem, e principalmente para afastarem a sensação aflitiva, tornam-se de uma hora para outra, extremamente permissivos. Deixam a criança fazer tudo, e aí instala-se um círculo vicioso, porque ao permitir tudo, daqui a pouco voltarão a bater.
Novamente instalam-se conflitos, (inúteis, diga-se de passagem), porque nada foi resolvido.
Uma boa chinelada às vezes alivia os pais de sentimentos outros que nem sempre foram motivados pelos filhos. Estão cheios de ódios por outras razões, e as peraltices dos filhos, são, nesses momentos, a gota d’água... Isso merece reflexões...
Bater, portanto, não resolve os problemas das Relações entre Pais e Filhos. É importante, pois, que os pais façam severas análises de suas relações com seus filhos, buscando sempre a aproximação, e nunca o afastamento, para que deles possam receber amizade e respeito, ao invés de ressentimentos, medos e mágoas.
*Graça Moura - Psicóloga – Formada pela Universidade Federal de Pernambuco
CRP – 11/03068