Domingo, 06 de Outubro de 2024

Santino e Teté são réus confessos no caso Epaminondas Feitosa

Publicado em 14/10/2013
Por Marta Soares
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Os réus do processo/Marta Soares
 
A audiência de instrução do caso que apura o assassinato do empresário Epaminondas Coutinho Feitosa, executado no último dia 08 de junho, nas proximidades de sua residência, na rua Zuza Lino, centro de Picos, foi encerrada por volta das 4h da manhã deste sábado (02). A audiência teve início no dia 25 de outubro às 9h e encerrou às 18h por conta de uma falha técnica. A mesma foi marcada para ter continuidade nesta sexta e encerrou somente às 4h da manhã de sábado, após todas as testemunhas e réus serem ouvidos diante do Ministério Público, Juíza e defesa.
 
A pausa informada pelo Folha Atual no final da tarde de ontem, foi necessária para que fosse feita uma acareação entre os dois policiais civis que testemunharam no caso, Vilmar Batista Furtado e Herlon Viana da Silva. De acordo com o entendimento da defesa, no depoimento de ambos havia contradição.
 
Vilmar Batista Furtado, ao centro, de camisa azul marinho, em depoimento
 
Herlon Viana da Silva, à esqueda, de camisa listrada, em depoimento
 
Após todas as testemunhas serem ouvidas, foi a vez dos réus José Manoel dos Santos Matos, de 33 anos, conhecido como “Santino”, Rinaldo José do Nascimento, de 21 anos, vulgo “Teté”, Thiago Osório, acusado de ser o articulador e a viúva Antônia de Sousa Andrade, acusada de ser a mandante, também responderem às perguntas do Ministério Público, Juíza e defesa.
 
Thiago em seu depoimento confirmou que esteve nas proximidades do Instituto Monsenhor Hipólito e que esteve com Santino e Teté, mas negou que tenha alguma participação no assassinato.
 
O réu José Manoel dos Santos, conhecido como Santino, confessou o crime juntamente com o réu Rinaldo José do Nascimento, vulto Teté e afirmou a participação de Thiago Osório, porém afirmou que desconhecia a participação da viúva Antônia Andrade. Toinha negou que seja a mandante do crime e alegou que não conhece nenhum dos demais réus. Ao final da cansativa audiência, a imprensa foi atendida pelos advogados de defesa Gleuton Portela, Herval Ribeiro e pelo assistente de acusação Solano Feitosa. 
 
O advogado Gleuton Portela, que defende os irmãos Thiago Osório e Hiago Osório, este último é citado nas investigações, afirmou que não foi comprovada a participação de seu cliente Hiago Osório no caso e pedirá que o Ministério Público revogue a prisão do mesmo. Para o advogado, isso faz com que a polícia e o Ministério Público percam o crédito do seu trabalho: "O MP se vê obrigado a revogar a prisão temporária e preventiva porque foi algo abusivo. O MP foi induzido ao erro pela polícia", afirmou.
 
Outro ponto de tensão diz respeito ao possível grampo telefônico não autorizado na investigação. "Tem grampo telefônico em cima desse processo. Pelo relato do primeiro depoimento, que nós conseguimos salvar, do Herlon Viana, onde ele diz que após terem acesso às imagens do colégio, passaram a grampeá-los e não houve autorização de quebra de sigilo neste processo", alega Gleuton. Para o advogado, caso se comprove o grampo, o processo corre risco de ser anulado.
 
Herval Ribeiro, advogado de defesa da empresária Antônia Andrade, a Toinha, disse ao final da audiência que sua cliente não foi citada por nenhuma das testemunhas e que não há nenhum elemento ou indício que possa comprovar que a acusada tenha sido a autora intelectual, a mandante do crime. "Nenhum dos outros acusados também citou a dona Antônia como possível mandante. No depoimento do Irinaldo, o Teté, ele relatou que estava no morro e uma pessoa que não é de Picos o procurou  e disse que queria matar o Epaminondas e que pagaria R$ 10 mil reais e que o motivo para o crime, na expressão do Teté, é 'que o Epaminondas estaria pegando a mulher dele' (do suposto mandante)", disse.
 
Herval Ribeiro
 
Sobre o vídeo onde o réu Teté aparece, na presença do delegado Tales Gomes e do representante do Ministério Público Cláudio Suero, indicando "a mulher da ótica" (a empresária Antônia Andrade é dona de uma ótica)como sendo a mandante do crime, Herval lembrou que em depoimento na audiência, Teté afirmou que fez tal afirmação por conta de pressão sofrida pelo delegado Tales.
 
Duas pessoas ainda serão ouvidas para esclarecer outra possível vertente do caso, onde trata da possível relação amorosa entre Epaminondas Feitosa e uma mulher, cujo companheiro teria procurado os executores Santino e Teté para cometer o crime, segundo informa o advogado Herval Ribeiro.
 
Por último, o assistente de acusação, Solano Feitosa disse que a audiência de instrução e julgamento foi proveitosa, primeiro porque os réus Santino e Teté não negaram a autoria do crime e forneceram detalhes. Para o assistente, o réu Teté tenta proteger o agenciador Thiago e a Toinha. "Quem pensava que o Santino e o Teté negariam o crime, enganou-se. Mas Teté tentou proteger o Thiago e a Toinha. Já o Santino, narrou com detalhes o crime e afirmou que o Thiago locou a moto do Inácio Branco, afirmou que o Thiago e outro familiar estiveram no morro, na casa do Teté, onde entregou a moto. O Thiago sabia que a vítima estava participando de um evento na escola Monsenhor Hipólito e desceu para ficarem de tocaia, à espreita para a saída da vítima", disse.
 
Solano reafirmou a importância do vídeo onde o acusado Teté afirma que a mandante do crime "é a mulher da ótica". Questionado sobre quem teria encomendando o crime, o assistente disse que no seu entender, é sem dúvidas, Antônia Andrade. "Existe uma apólice de seguro, onde com a morte do Epaminondas ela seria a beneficiada. A dona Antônia não teve, após homicídio, o comportamento de se associar à família nesta dor, de buscar a imprensa, de buscar o Ministério Público, de buscar o Poder Judiciário de forma mais veemente na busca de elucidação desses fatos".
 
Sobre as possíveis escutas telefônicas, Solano diz que elas provavelmente são de outros processos, de outras investigações policiais presididas pelo delegado Tales Gomes, em relação a outros crimes na comarca de Picos, onde foi decretada a quebra de sigilo telefônico. "O Santino, o Teté e o Thiago, estão sendo investigados em outro caso, em outra possível participação em outros crimes de pistolagem e tráfico de drogas, eles, ao terem sido  grampeados e por terem participação cristalina no evento-morte do Epaminondas, eles se comunicaram tecendo comentários em relação a este delito. Agora, senão existir essa autorização judicial para os grampos, assiste razão ao Dr. Gleuton Portela. Contamina-se a investigação como um todo, fere-se um princípio de índole constitucional e compreendo eu, que tecnicamente essa investigação, se não houver autorização judicial, elas se encontram contaminadas e existe a possibilidade de que essas provas possam vir a serem feitas novamente, mas mesmo assim eu compreendo que houve um desencontro nos depoimentos dos dois policiais, foram infelizes, mas compreendo que o desfecho não será a nulidade de nenhum destes atos", finalizou.
 
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