Mais um pedaço da história local foi literalmente abaixo. O casarão localizado na Rua Francisco Santos, em frente ao Armazém Paraíba, Centro de Picos, foi demolido nessa semana por um investidor do setor privado. O fato foi notado primeiramente pelo escritor e cineasta Douglas Nunes que nasceu naquela residência em 1951. No ano de 1953 aconteceu naquela rua um dos fatos mais lembrados da trajetória picoense.
Ele relata que foi ali, em frente aquela residência, que um grupo de estudantes protestou contra o seu pai, o inspetor de ensino Alberto de Deus Nunes. Até hoje a história desperta paixões e controvérsias junto a sociedade picoense, especialmente porque um dos líderes do movimento foi Ozildo Albano. Douglas ainda diz lembrar-se de que ele e os irmãos eram postos pela mãe embaixo de uma mesa para se proteger de objetos que eram atiradas no telhado.
Dentre as pessoas que testemunharam a manifestação está o Pe. David Angêlo Leal que em 1987 entregou a narrativa do fato por escrito a Douglas Nunes. Na ocasião chegaram a fazer um “velório” do inspetor ensino, com uma grande cruz. Na versão do sacerdote, o protesto foi motivado pela recusa do inspetor de assinar boletins em branco.
Mas polêmicas a parte Douglas informou que pouco depois da manifestação cujo seu pai foi alvo, a residência foi vendida por 30 contos de réis, dinheiro da época. Em seguida a família mudou-se para a cidade de São Simão - SP. Nos últimos anos a casa era de propriedade de Zito Dantas. “Eu passei lá e tive um choque porque aquela casa é história, mas o que eu posso fazer?”, lamentou o escritor.
Nas mídias sociais muitas pessoas se manifestaram a respeito, demonstrando tristeza contra o fim de mais uma obra arquitetônica da cidade que deixa de existir para dar lugar a um novo empreendimento. Algumas pessoas reconhecem a dificuldade em se preservar imóveis como esses em Picos, cuja localização no centro da cidade chega a ser estimado em mais de R$ 1 milhão. A “Cidade Modelo” vem sendo caracterizada pela ausência de apego pelo seu passado