Na manhã desta terça-feira, 20 de setembro, foi realizada na Câmara Municipal de Picos uma Audiência Pública para tratar sobre os problemas enfrentados pelo lixão localizado na localidade Valparaíso.
A ação aconteceu devido a manifestação organizada pelos moradores da localidade, onde várias famílias estão acampadas em frente ao portão principal do Lixão de Picos, desde o dia 12 de setembro, para chamar atenção das autoridades sobre os impactos provocados pela fumaça que vem atingindo mais de 100 famílias.
Na ocasião, estiveram presentes o promotor de justiça, Paulo Maurício Araújo Gusmão; o advogado da Associação de Moradores do Valparaíso, José Neto Monteiro; a presidente da Associação de Moradores do Valparaíso, Rosilene Moura; o Bispo Diocesano de Picos, Dom Plínio José da Luz; o procurador geral do município, Mark Neiva; vereadores e autoridades municipais, moradores do Valparaíso e a população em geral.
De acordo com o vereador Wellington Dantas, que propôs e presidiu a audiência, o objetivo é que os gestores municipais invistam na mudança do lixão para outro local, com o menor prazo possível.
Vereador Wellington Dantas
"O objetivo dessa audiência é justamente buscar soluções para a remoção do lixão que está há 10 anos no povoado Valparaíso, e o povo daquela região tem sofrido demais todo ano com as queimadas que ocorrem lá, principalmente nesse período do segundo semestre. As queimadas lá no lixão prejudicam muito a população, causando problemas respiratórios à comunidade, além do mosqueiro, do mal cheiro das fumaças e da degradação do meio ambiente. Sabemos que não é do dia para a noite que o lixão será removido, mas precisamos de prazos e de soluções o mais rápido possível", destacou.
O Bispo Dom Plínio também se prontificou com a causa e esteve presente na audiência como porta-voz da população.
Bom Plínio José
"Os Bispos do Brasil assumem a função de defensores do povo, quando as suas causas e os seus direitos são feridos. Então eu já acompanho o problema do lixão de Picos há muito tempo, desde quando se localizava no bairro Altamira, porque a gente sente o sofrimento do povo em uma situação muito difícil, como é a questão da fumaça, pois é algo que prejudica a saúde da população e causa várias consequências, como já houveram algumas pessoas indo para hospitais com problemas respiratórios, já que a fumaça é tóxica. Além disso, existe uma grande quantidade de urubus na região para consumir o lixo, que acaba também poluindo a água da região. O setor financeiro também é afetado, pois grande parte das famílias daquela região são de apicultores, então eles sentem os impactos na produção do mel, porque as abelhas são afetadas com essa fumaça", afirmou.
Representando o município, o sub-procurador geral Mark Neiva, relatou que as coletas de lixo continuam acontecendo normalmente, mesmo com as manifestações que interrompem o descarte do lixo na região.
Mark Neiva, sub-procurador do município de Picos
"A responsabilidade é da empresa, mas a responsabilidade subsidiária é do município de fiscalizar o que está acontecendo lá, então o município não pode se ausentar dessa discussão, para saber o que é melhor para o município e para toda a sociedade em si. Nós estamos realizando a coleta de lixo para que toda a sociedade não sofra por conta desse lixão ter sido fechado de forma clandestina, já que não tem nenhuma autorização judicial para isso, mas o município não entrou com nenhuma ação judicial contra a comunidade, porque entendemos que o pleito da população até certo ponto é legítimo", afirmou.
Segundo a presidente da Associação de Moradores do Valparaíso, Rosilene Moura, as queimadas já se aproximam de 40 dias ativas na região.
Rosilene Moura, presidente da Associação de Moradores do Valparaíso
"A comunidade Valparaíso já está passando por 10 anos de sofrimento, porque desde que o lixão foi implantado, todos os anos no mês de agosto começam as queimadas. Geralmente o problema era resolvido com alguns dias, mas o tempo foi passando e as coisas foram piorando. Esse ano as queimadas começaram no dia 06 de agosto e ainda permanecem, por isso nós estamos aqui pela nossa saúde, pelo nosso bem estar e pelos nossos direitos", declarou.
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