Em sua sequencia incansável de protestos contra a nova localização do aterro sanitário, ou lixão, como preferem chamar, moradores das comunidades de Val Paraíso, Morrinhos e Bugi dos Almondes realizaram uma manifestação pacífica na Câmara Municipal de Picos. Na ocasião, tapando os rostos com panos negros e carregando um caixão de verdade, de dimensões pequenas, sob a liderança do Pe. Flávio, os moradores rezaram uma “Ave Maria” e um “Pai Nosso” no plenário.
A oração foi realizada no momento em que o vereador Zé Luís (PSB), evangélico da Igreja Assembleia de Deus, fazia o uso da palavra. Impossibilitado de continuar com seu pronunciamento o vereador preferiu fazer silêncio até que todos terminassem de rezar. A ação causou um certo desconforto na Câmara Municipal uma vez que pelo regimento interno as pessoas que assistem uma sessão ordinária não podem se manifestar.
Uma guarnição da Polícia Militar ainda tentou evitar que os manifestantes, que se portavam de forma pacífica, entrassem nas dependências do Plenário Vereador Pedro Barbosa. Os militares estavam muito bem armados.
Para o morador de Val Paraíso, Neto Araújo, não há conversa, o aterro sanitário instalado nas imediações das comunidades trata-se, na realidade, de um lixão. “Não é aterro, é um lixão e nós vamos morrer dizendo que é um lixão, então da maneira como vemos nós trouxemos um caixão simbolizando as três comunidades enterradas juntas”, desabafou.
O lenço negro que todos utilizavam ao redor da boca simbolizava o silêncio ao qual eles alegam estar submetidos. À exceção dos vereadores Rinaldinho (PSB) e Fátima Sá (PSDB), nenhum outro parlamentar foi procurado pelos manifestantes. Os dois vereadores citados já estariam envolvidos com esse movimento há algum tempo.
Neto garantiu que após a manifestação realizada em frente ao Fórum Governador Helvídio Nunes de Barros, durante a quarta-feira (28/08), e este da Câmara Municipal, novos protestos deverão ocorrer contra a instalação do aterro sanitário perto das três comunidades citadas, constituindo-se em mais uma dor de cabeça para o prefeito Kleber Eulálio.
Caixão simboliza enterro das comunidades. Foto: Fabício Sousa/Apuranotícia