Moradores do bairro Val Paraíso realizam manifestação contra aterro sanitário

Os moradores do bairro Val Paraíso se uniram nesta segunda - feira (19) para chamar a atenção das autoridades sobre o aterro sanitário, que desde o mês de maio recebe o lixo residencial e hospitalar, além dos restos de animais que chegam do matadouro público e de empresas particulares.

Nas primeiras horas da manhã, os moradores fizeram uma barricada com pneus na entrada do aterro sanitário e impediram diversos carros de fazer o descarte do lixo. O Folha Atual entrou no aterro e encontrou uma situação semelhante a do que há anos acontecia no lixão do bairro Altamira: lixo descartado a céu aberto. Encontramos uma vala com lixo hospitalar que estava completamente exposto. Uma montanha de carcaça de animais mortos também estava descoberta.

Segundo o agricultor Neto Araújo, a prefeitura de Picos se comprometeu a fazer um aterro onde o lixo seria depositado nas valas revestidas com manta térmica e encoberto com terra e isso não está acontecendo: "a gente já fez uma manifestação e eles pediram um prazo, nós demos, mas nada foi feito. Nas reuniões que temos com a prefeitura eles fazem é desrespeitar a gente e ameaça nos botar na justiça. Nós queremos agora que isso seja tirado daqui e que achem outro local pra depositar".

O apicultor José Antônio de Araújo disse que seu trabalho está sendo prejudicado com a permanência do aterro naquela área. Já Francisco Firmino, que também reside no bairro, afirmou que desde a chegada do aterro, o número de urubus e moscas cresceu na região: "a gente tem uns açudes aqui perto e até os urubus já estão indo beber da pouca água que nós temos e as moscas estão tomando de conta de tudo, a gente não pode nem comer". Francisco disse que possui um terreno em frente ao aterro e que estava tudo certo para a venda dele para que fosse construído um posto de combustível, mas depois que o aterro foi instalado, a venda foi cancelada.

A presidente da Associação de Moradores de Bugi dos Almondes, Luciele Almondes, confirmou a desvalorização das terras na região e disse que a população também se preocupa com a saúde pública: "a gente aqui quase não tem direito nem à saúde básica e ainda botam um aterro desses pra cá, onde junta urubu, mosca e todo tipo de inseto".

No aterro o Folha Atual encontrou além das valas abertas, mais três sendo abertas. Segundo os moradores da região, as valas não possuem a profundidade ideal, que é de 4m e nem é protegida com a manta térmica. No dia 10 de maio o Folha Atual havia entrevistado o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Glauber Silva, na ocasião ele nos disse que as valas deveriam medir 20m x 30m e ter 4 metros de profundidade. Sobre a manta térmica ele assegurou que apenas a primeira seria feita sem a manta, mas não foi isso que se viu.

Cerca de 7 rolos de manta térmica estavam empilhados no aterro, mas deveria estar revestindo as valas. Em quase 90 dias de aterro sanitário, os mesmos problemas que aconteciam no lixão do bairro Altamira, parecem se repetir no que deveria ser um aterro sanitário modelo para o Estado.

Segundo dados do IBGE/2010 disponíveis na Secretária de Meio Ambiente, Picos gera 43 toneladas de lixo mensalmente e a estimativa do IBGE para 2029 é que essa quantidade evolua para aproximadamente 52 toneladas.