Manifestação resulta em reunião com a prefeitura municipal e vereadores

Pode não ter sido o número desejado, mas a organização se mostrou satisfeita com a qualidade e empenho das pessoas que participaram da segunda manifestação realizada no final da tarde da quinta-feira (04/07) em Picos, resultando em uma reunião com representantes da prefeitura municipal na sede do poder executivo e com os vereadores. Logo no início da concentração na Praça Félix Pacheco, por volta das 16h00, ficou claro que não haveria tantas pessoas quanto na primeira mobilização, mas os estudantes e demais militantes sociais não se deixaram abater.

Com o auxílio do carro de som os manifestantes gritavam palavras de ordem e direcionavam as suas reinvindicações para os pontos mais sensíveis, como o transporte coletivo utilizado na cidade e o não funcionamento da policlínica, este último, no entender dos manifestantes, motivado por interesses corporativistas da classe médica local. Dentre os gritos mais ouvidos estava a seguinte letra: “Boi, boi, boi, boi da cara preta, ou baixa essa passagem ou pulamos a roleta”. Também sobrava para a Copa do Mundo que será disputada no Brasil no ano de 2014: “A Copa é dos ricos e os pobre...”, continuava o refrão com palavras impublicáveis.

Os cartazes confeccionados pelos estudantes também chamavam a atenção para difíceis situações que precisam de uma solução. Dentre os mais criativos e provocativos podiam ser lidos: “Kléber, vem pro SUS”; “Médicos, empresários e coronéis: Policlínica aberta já!”; “Saúde tem que ser pública”; “Picos, lugar onde os interesses privados se opõem aos interesses públicos”; “Dilma, vem pro SUS”, dentre tantos outros.

Contando com forte vigilância policial e o apoio dos guardas de trânsito, que controlavam o fluxo de automóveis, os manifestantes partiram da Praça Félix Pacheco, passando pela Praça Justino Luz, em frente a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, seguindo pela Rua da Eletrobrás e terminando o trajeto no Palácio Coelho Rodrigues, onde um número considerável de policiais os aguardava.

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Um grande contingente de PM guardava fortemente a sede do poder executivo, mostrando que o comando do 4° BPM confiava desconfiando dos manifestantes. Destaca-se ainda que durante todo o trajeto haviam militares a paisana, entre os estudantes, filmando e registrando tudo, o que faria parte do serviço de inteligência da polícia.

Ao chegar ao Palácio Coelho Rodrigues uma comissão de seis líderes do movimento foi formada para falar com o prefeito Kleber Eulálio. Quando chegaram ao gabinete do prefeito os manifestantes tiveram a surpresa de ter de negociar com representantes da prefeitura, encabeçados pelo secretário de Governo Tiago Saunders. Ele informou que falaria pelo prefeito e que este se encontrava em Teresina resolvendo assuntos de interesses da população picoense.

O diálogo entre as partes foi calmo e amistoso, não havendo em nenhum momento exaltação dos ânimos. Após entregarem a carta de interesses da população intitulada: “Por uma Picos comprometida com o povo”, a conversa se estendeu por quase uma hora. Os assuntos principais foram o transporte coletivo e a pergunta do porquê do não funcionamento da Policlínica.

O secretário de Governo informou que a atual empresa que explora o transporte coletivo na cidade se sagrou vencedora em processo licitatório na gestão passada, agora haverá uma tentativa da prefeitura de intermediar o diálogo entre as duas partes. Quanto à Policlínica Tiago Saunders argumentou que esta será transformada em uma maternidade, chegando a dizer que não há mais a necessidade desta para a realização de exames. No entanto, novas reuniões serão agendadas para a semana que vem para tratar sobre os temas separadamente.

A manifestação se encerrou na Câmara Municipal de Picos onde todos os vereadores aguardavam os estudantes. A sessão ordinária foi rapidamente encerrada para que houvesse o debate. Cada vereador recebeu a mesma carta que foi entregue a prefeitura.

Para o estudante Maurício Martins os coletivos das entidades que estiveram na manifestação estavam satisfeitos, uma vez que foram recebidos pelas autoridades legalmente constituídas. “Acho que nos encaminhamos para um termo que seja satisfatório para a sociedade picoense e para o conjunto dos estudantes universitários e secundaristas, e para os poderes executivo e legislativo da cidade. Acredito que nossa manifestação, apesar de não ter sido volumosa, excedeu em qualidade e acho que vamos colher bons frutos desse processo político que estamos encampando”, finalizou.