A estimativa do número de pessoas varia, mas o certo é que milhares de cidadãos de Picos e região participaram da manifestação contra a violência. Intitulada “Caminhada contra a violência, em favor da vida e pela paz”, a manifestação abrangeu um número maior de reinvindicações, que pediam o fim da corrupção, mais escolas, saúde e dignidade para o brasileiro. Apesar de ter ganhado força com as manifestações que varrem o país, a grande passeata foi ordeira, não tendo sido verificado nenhum ato contrário aquilo que todos pedem, paz.
A concentração popular começou às 16h00, hora marcada para o início do evento, na segunda rotatória da Avenida Deputado Sá Urtiga, bairro Bomba. Após reunir um número significativo de pessoas a passeata começou, sempre contando com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que continha o trânsito. Os motoristas e motociclistas demonstraram respeito pelo evento, esperando pacientemente enquanto todos passavam.
Vários carros de som amplificavam as reivindicações dos manifestantes. A professora Edna Moura, uma das líderes do movimento, não se disse surpresa com a quantidade de pessoas poucas vezes vista na cidade de Picos. “A expectativa era mais ou menos essa, em virtude do sentimento de revolta e indignação que assola todo o país”, declarou Edna Moura.
O comparecimento da juventude foi um ponto forte da manifestação, com estudantes da UFPI e UESPI comparecendo em peso, em muitas ocasiões gritando palavras de ordem contra o governador do Piauí, Wilson Martins (PSB). A todo instante eles entoavam um coro: “Juventude é revolução, Juventude é revolução”, no qual começavam agachados e erguiam-se simultaneamente. Valia tudo, desde o uso das máscaras do personagem principal do filme “V de Vingança” – que se tornou um ícone revolucionário – até apitos barulhentos.
“É um sentimento nacional, um basta na corrupção, no desvio de dinheiro público nesse país, mais investimento na saúde, na educação, porque as consequências serão positivas e certamente a violência irá diminuir em todo país”, declarou.
Embora tenha começado inicialmente como um ato contra a violência a passeada, com a participação dos estudantes, ganhou uma conotação reivindicatória maior, uma vez que os apelos transcenderam a esfera da luta contra a violência.
Muitas famílias que perderam entes queridos vítimas da violência em Picos marcaram presença, empunhando faixas e cartazes com as fotografias das pessoas que foram covardemente assassinadas: Titico Barbosa, Edmar Bringeo, Epaminondas Feitosa. A senhora Maria Aldenice, viúva de Edmar Bringeo, declarou que o sentimento que tem caracterizado a cidade de Picos é de medo e frustração uma vez que a polícia ainda não apontou quem matou seu marido. Ela acredita que um ato como esse verificado na cidade pode ajudar a solucionar o homicídio de Edmar.
A grande manifestação seguiu pela lateral da Avenida Deputado Sá Urtiga, fazendo uma breve parada em frente ao Fórum Governador Helvídio Nunes de Barros. Seguiu pela Avenida Getúlio Vargas e concluiu seu trajeto na Praça Felix Pacheco, com mais um ato público como há muito não se via na cidade de Picos.