Nesta terça-feira, 20 de novembro, está sendo celebrado em todo o Brasil o Dia da Consciência Negra, data caracterizada pelos debates em torno das questões envolvendo a população negra no país. Muitas cidades, dentre elas Picos, dedicam todo o mês de novembro a eventos relativos a data, com palestras, debates e apresentações. Nesse ano o tema é: “Ser negro hoje no Brasil”.
Para o diretor do Grupo Cultural Adimó, Mano Chagas, nesse ano há algo diferente em torno das discussões sobre o racismo e outras formas de preconceito. Ele entende que o período eleitoral do qual saímos serviu para revelar a natureza de muitas pessoas quanto a temas como desigualdade social.
“Algumas pessoas que viviam no discurso do racismo camuflado, se abriram e jogaram de cara o seu racismo. Agora temos até como combater. Eu já consigo identificar quem é meu amigo, entre aspas, que ele é contra cotas, políticas relacionadas a comunidade negra, ao tombamento das terras quilombolas, ao reafirmamento das identidades culturais. Pelo menos descobrimos as minas, e agora podemos saber onde pisar”, comentou.
Para Mano Chagas não há dúvidas quanto a postura da sociedade brasileira diante das diversas formas de preconceito. “O povo mascarava a ideia de que a sociedade não era racista, mas ela continua racista, homofóbica, todo tipo de ação discriminatória e preconceituosa”, declarou.
Mano Chagas frisou que o Mês da Consciência Negra tem mais relevância para a população negra do Brasil do que o 13 de Maio, quando se celebra a Abolição da Escravidão. “Para nós a abolição é um mito, pois não existiu de fato, foi apenas um decreto instituído pela princesa Isabel, mas que, no entanto, que liberdade é essa que não ganharam estrutura para que pudessem trabalhar, ao contrário de outras políticas em nível de mundo?”, indagou.
Dessa forma ele destaca que o 13 de Maio é caracterizado como um mês de protesto, ao passo que as comemorações ficam para novembro, em referência a Zumbi de Palmares, líder do Quilombo dos Palmares. Ele é visto como alguém que resistiu a escravidão e lutou pela liberdade dos cativos. A data é instituída em memória da sua morte ocorrida 20 de novembro de 1695.
Ao longo desse mês de novembro Mano Chagas informou que o Grupo Cultural Adimó está participando das atividades realizadas nas escolas picoenses, como palestras, oficinas, danças, seminários e demais apresentações culturais.