*OBS. Esta poesia “SANTA CRUZ” foi recitada, sob aplausos, pelo seu autor, Professor Edimar Luz, na Quadra Municipal de Santa Cruz do Piauí, na noite do dia 12 de julho de 1992, um domingo, por ocasião da abertura da V Semana Cultural daquele município, cujo tema era “Juventude: Cultura e Vida”. Na gestão do então prefeito Dr. Landolfo Duarte da Fonseca.
Esta poesia foi, inclusive, impressa no convite da referida Semana Cultural, ao lado da poesia “À JUVENTUDE”, também deste mesmo autor Edimar Luz.
De lá para cá, a poesia “SANTA CRUZ” já foi publicada em quase todos os jornais e portais/sites de Picos, e em alguns de fora, como Recanto das Letras e Clube dos Compositores do Brasil (onde foi registrada oficialmente), e em algumas revistas, dentre outros. E esta poesia foi recitada também pelo autor, Edimar Luz, na Quadra da AABB, em Picos, no dia 17 de janeiro de 2004, por ocasião das solenidades de lançamento do livro GENEALOGIA DA FAMÍLIA LUZ, do escritor Teotônio Luz. O lançamento dessa grandiosa obra ocorreu durante três dias, em locais diferentes, na nossa cidade de Picos.
De acordo com a lei que protege e resguarda os Direitos Autorais (Lei 5.988, de 14/12/73), é proibida a reprodução total ou parcial desta poesia, do meu livro POESIAS E CANÇÕES, sem minha prévia permissão e autorização por escrito. Todos os Direitos Autorais reservados ao autor Edimar Luz.
(*) Edimar Luz, é escritor/cronista, poeta, articulista, compositor, professor e sociólogo, formado em Recife – PE.
Edimar Luz (Picos - PI)
SANTA CRUZ
Poesia da autoria de Edimar Luz,
Escritor, poeta, articulista, compositor, professor e sociólogo.
Abrem-se flores sob um sol nascente,
Aurora viva, chão do meu país,
Despertam os olhos desse povo, e a mente
Se ilumina num instante feliz.
Santa Cruz, cidade menina,
Acolhedora, de bom coração,
A cruz erguida no alto da "colina".
Braços abertos sempre em oração.
Nesta cidade pequena, mas cheia
De amor, cultura e vida deslumbrante,
Corre um rio qual sangue na veia
Do nosso povo bravo e retumbante.
Oh! Santa Cruz, em constante harmonia
Teu povo vive com um sublime amor!
A esperança brilha a cada dia
Em cada olhar como um sorriso em flor.
Canta o vento nos carnaubais
Como canção em noite de luar,
Ternura infinda, tristeza jamais,
A alegria é um dom deste lugar.
Nesta cidade, sob um sol ardente,
Vive-se a vida com simplicidade.
Oh! Santa Cruz, teu povo decente
Confia em ti, oh! Bendita cidade.
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MUNDO MELHOR A PARTIR DE PESSOAS MELHORES...
*Por Graça Moura
Custa crer, mas, é verdade...
Existem pessoas que vivem de MATAR. Matar os sonhos de muitos. Matar a confiança de outros tantos e matar o que tantos preservam com tanto afinco: A esperança. Não posso negar que isso me assusta. E assusta muito. Assusta ainda mais porque essas pessoas se parecem com todos nós. São tão comuns. Tão iguais à gente. Mas, sei também, felizmente, que, a rigor, elas não são assim TÃO iguais a nós. Só se parecem, porque falta nelas a Empatia...essa importante característica dos que sabem se colocar no lugar do outro... Pessoas que pertencem a esse grupo dos sem EMPATIA,são pessoas incapazes mesmo, de se colocar no lugar do outro. São incapazes de sentir pelo outro. São frias. Calculistas. Cruéis. Indiferentes à dor alheia. Mas não se iludam. Essas pessoas são seres doentes. São seres dignos de compaixão e solidariedade... Que sejam felizes as pessoas do bem que existem e que felizmente é maioria. Pessoas que, porque acreditam, lutam por um mundo melhor. Movida a esperança não quero mudar de rumo, perder o prumo e desviar a rota. Um mundo menos violento, mais próspero e absolutamente justo, é possível sim. Começa em mim. Começa em você. Começa nos que efetivamente não desistem de por ele lutar. Que tal pensar nisso? Vamos lá, juntos?
*Graça Moura é Psicóloga, formada pela Universidade Federal de Pernambuco.
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CRÔNICA
SONHOS DA MEIA-NOITE
Douglas Nunes
Esta noite tive um sonho aterrador. A pluma negra da noite cobria toda a Terra; Via nas serrarias, campos, rios e lagos a escuridão se formando e a caligem singrando as estrelas. Cá embaixo, sobre a cidade adormecida, surgiam por entre os telhados das casas, faixas misteriosas e vultos assustadores que se elevavam no ar. No meio à solidão, o brilho áptero dos astros, rutilava, apagando aos poucos na imensidão.
Toda a cidade dormia e a umbrosa turgescente, não assistiu o desenvolver das cenas noturnas. Em hora avançada, a essência dos corpos volitava sob a atmosfera cálida, pairando sobre avenidas e as ruas e em toda a paisagem da vila, provocando aos profanos visitadores do silêncio, cenas inesperadas.
Foi quando alcei vôo. Volitei conjuntamente por entre o casario penetrando o forro adentro e subindo mais e mais, perpassando, desequilibrado, sem o apoio para os pés que cresciam lentamente por entre o madeiro da casa imensa. Mas de repente, oh! Surpresa! Atravessara por entre a matéria firme do grande telhado. Seguindo adiante pelas ruas e alamedas, e logo fazia parte daquele tétrico cortejo, contemplando cada movimento, atraído por uma força descomunal. Percebi aqui e ali a presença arrepiante de entes com olhos e luzes de lampejos sinóticos.
Estaria eu realmente sonhando ou tudo aquilo era os lampejos da morte? Flutuaria o espírito por entre copas das árvores e moradias da Terra ou estaria entre o bulcão abiótico e mefítico?
Sem respostas, continuei a me arrastar pela força invisível em direção desconhecida. Mesmo contra meus desejos de reter aquela insólita viagem, perseguia-me a força inexpugnável, condicionando-me a seguir em frente, em conjunto com outros seres, que agora, se apresentavam tétricas, entre a bruma e caliginosas.
--Para onde seguia?
Aquela região não me era conhecida. Porém, parecia tratar-se de um sítio afastado da cidade, entre colinas e rios até um bosque coberto de jardins circulares e estreitos, rodeados de arbúsculos despidas de folhas e flores. O caminho gramado e cuidadosamente aparado, com tredécimos portões dourados, conduzia a outros portões igualmente dourados e cercados de arbustos.
Sentei como que aliviado os pés no lajeado e pude dar alguns passos em direção ao imenso portal e ante a minha surpresa em simplesmente atravessá-lo de encontro a imenso salão. Paro um instante. Coração opresso, recordando aos poucos meus tempos de menino. Aquela imagem chegava-me à memória. Ali nascera e vivera até os meus nove ou dez anos. Ali faleceram meus pais em terrível crime cometido em circunstâncias misteriosas e indecifráveis.
No centro do imenso salão, via-se um rico esquife de madeira trabalhada e nela estendido hirto, os restos mortais de um homem. A epítese daquele drama mal começara. Percebiam-se bióticos, helmintos e ásperos como o umbroso testamente da morte... As emanações mefíticas do corpo leucêmico em decomposição reclamavam sepultura.
Foi quando dos escombros do corpo tétrico, a fervida emulação dos germens no alimento voraz, transformava em louca fantasia em recomeço de um novo drama. Vi-me obrigado a seguir os vapores quase diabólicos que se elevavam na atmosfera. Seguia-as, mas não por que quisesse, mas porque aquela força estranha e descomunal me obrigava. Execrava-me, mas sujeite-me a esse sortilégio que me submetia. Era o domínio do invisível que me influenciava, logo transpondo os umbrais do casario alcançando a rua deserta. Não sentia o frescor da noite, mas antes, meu corpo se enrijecera e um frio selara a visão desde então paralisada.
Logo se achegamos ao grande campo santo onde cruzes se enfileiravam disformes, caídas entre os portais e as imagens aladas em sepulturas alheias e tristes. Pequenos grupos em alvas vestimentas se revezavam em orações mais elevadas e outras menos elevadas de anseio. Ao lado, uma multidão quase infinita se apresentava. Eram milhares e, no entanto, havia espaço suficiente para todos. “Talvez fosse Cérbero que vinha para a guarda dos portais do campo ou do falecido” – pensava eu.
Quando me aproximei todos se enfileiravam fitando-me os enormes olhos ígneos injetados de ódio, outros na calma prudente sorriam, apontando o esquife baixado à sepultura. A lápide branca ao lado, já assentada continha um título apenas com as inscrições em letras pequenas, quase disformes que... Mas Oh! Que cáustica surpresa se apresenta e me paralisa a alma quando leio a lápide e nela incrustadas em letras negras o meu nome – O morto sou eu!