Sair da casa que moraram por anos para que o imóvel seja demolido. Essa é a realidade de 23 famílias que residem no Conjunto Habitacional Luíza Gomes de Medeiros, o Morada Nova, em Picos, onde as moradias apresentaram rachaduras e correm risco de desabar.
Para chegar ao estágio de sair dos imóveis, os beneficiários do Programa Minha Casa, Minha Vida, viveram verões e invernos no temor de que as residências pudessem desabar devido a situação precária em sua estrutura física. Foram reformas, reconstruções e o problema das rachaduras voltava a aparecer. Mas esses transtornos nunca impediram que os moradores criassem vínculos e amor pela sua casa própria. E agora esse sonho será demolido.
Todo esse sentimento a moradora que reside há 5 anos na Quadra 64/ Casa 01, Rita de Cássia Santos Coutinho Martins, diz sentir com os olhos inundados em lágrimas. Para ela, morar em um novo endereço depois da sua casa ser interditada pela Defesa Civil é um pesadelo.
“É muito constrangedor por tudo que a gente já passou eu e minha família devido a estes problemas que a Caixa deixou de resolver desde o início. Deixar a nossa casa, um sonho que a gente sonhou, construir o que havíamos planejado e ter que sair às pressas é muito difícil pra gente”, lamentou.
Rita de Cássia Santos Coutinho Martins
A cabelereira e residente no Conjunto Morada Nova na Quadra 66/ Casa 9, Ana Patrícia Ribeiro de Sousa, também lamenta ter que deixar sua moradia. No local, ela montou seu negócio e teve suas duas famílias, razões que muito lhe emocionam e cultivaram raízes.
“Deixar nossas casas é o impasse. Já estamos acostumados, habituados a nossa, benefícios que foram feitos. Existe todo aquele sentimento de receber a chave está morando, com seus vizinhos e de repente você vai para outro imóvel. No meu caso, as minhas filhas nasceram aqui, já estou acostumada com este espaço para eu ir para outro local”, afirmou.
Novo endereço
Os moradores que terão as moradias demolidas pela Caixa Econômica Federal após interdição serão realocados em novas moradias ocupadas de maneira irregular no Conjunto Morada Nova.
A proposta feita pela instituição bancária não agrada os beneficiários que temem enfrentar um novo problema com a retirada dos atuais residentes.
“Tivemos uma reunião com o promotor Dr. Patrick e falamos toda a nossa situação. Como vamos para uma casa que está com problema. Geralmente quem vai para estas casas, já comprou não quer perder também e nós também não podemos perder porque pagamos direitinho a prestação”, disse Rita de Cássia Santos Coutinho Martins.
A moradora, Ana Patrícia Ribeiro de Sousa, que tem acompanhado o processo de mudança das famílias destaca que a Caixa Econômica está pagando o auxílio aluguel, porém os beneficiários estão apreensivos com o desenrolar dos fatos.
“Nem todas as famílias estão aceitando a proposta de demolição. Algumas pessoas já estão recebendo auxílio aluguel e já mudaram do Conjunto para outros endereços no qual toda a despesa está sendo paga pelo banco. A minha casa também é para ser demolida, mas eu vou ver ainda como vai ficar o andamento das coisas”, concluiu.
A previsão inicial é que uma Comissão de representantes da Caixa visite o Conjunto Morada Nova e a demolição dos imóveis ocorra na presente semana.