Defensoria Pública lança projeto "Defensores Públicos: Pelo Direito de Recomeçar"

No último dia 21, a Defensoria Pública do Município de Picos lançou na Penitenciária Regional José de Deus Barros, a campanha “Defensores Públicos: Pelo Direito de Recomeçar”. Estiveram presentes defensores públicos de Picos, Oeiras e Paulistana.

De acordo com a defensora pública da Execução Penal de Picos, Valéria Diniz Buarque, no último dia 17 de maio esta campanha foi lançada nacionalmente, porém o trabalho proposto nesta ação já vem sendo feito em Picos por ela desde janeiro de 2012. “Nós achamos por bem lançar esta campanha em Picos, na penitenciária de Picos, para mostrar o quanto é importante a ressocialização do preso”, disse a defensora.

Na Penitenciária Regional José de Deus Barros, os detentos participam de oficinas de artesanato, violão, além de terem o auxílio do Grupo Esperança Viva, “Todo mundo lembra qual era a realidade da penitenciária de Picos, das rebeliões e tudo mais, agora o que nós vemos aqui são presos que sabem da importância do estudo e que estão buscando ser pessoas novas”, disse Valéria.

Atualmente a penitenciária José de Deus Barros possui pelo menos 350 presos, o que está além da sua capacidade. Destes presos, 20 participam do Grupo Esperança Viva, 40 fazem aulas de violão e um dos detentos foi aprovado para Sistemas de Informação através do ENEM.

Valéria disse ao Folha Atual que inicialmente este trabalho não foi bem recebido pelos detentos, mas que nas visitas semanais da defensoria, já é possível notar mudanças de comportamento. A família é parte fundamental do trabalho de ressocialização: “ainda não temos um trabalho com a família dentro da penitenciária, mas fora dela, nós temos contato direto e permanente com elas”, afirmou.

O coordenador geral do Grupo Esperança Viva em Picos, Rômulo Braga Neiva, disse que há cerca de 8 meses o grupo trabalha com os detentos da penitenciária regional de Picos: “nós fazemos palestras preventivas em escolas, mas sabíamos que o trabalho do GEV tinha que alcançar outras pessoas, que talvez tivessem mais dificuldade ainda de sair do mundo das drogas”. Semanalmente o Grupo Esperança Viva realiza encontros na penitenciária com a participação de 20 a 30 presos, onde o trabalho é alicerçado no tripé “trabalho, convivência e espiritualidade”. 

Segundo o diretor da Penitenciária Regional José de Deus Barros, Sinval Hipólito, desde o início do trabalho da Defensoria Pública no sentido de ressocializar os presos, há mais tranquilidade no presídio e ressaltou que durante as vistorias de rotina não mais são encontrados estiletes, drogas e celulares.

Lourival da Silva Ramos Júnior, de 46 anos, é um dos detentos que cumprem pena na penitenciária regional de Picos. Júnior, como é mais conhecido, já cumpriu 3 anos e 4 meses dos 31 anos de pena que recebeu pelo crime de estupro. Júnior faz parte do grupo de detentos que desenvolve atividades na penitenciária. Ele também foi aprovado para o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, através do ENEM, mas não conseguiu se matricular devido a Lei de Execução Penal, que não permite que presos em regime fechado possam sair para estudar: “Isso de certo modo me frustrou, mas não quer dizer que por isso eu vá desistir”, falou. Lourival da Silva é casado e tem cinco filhos.