Após anos convivendo com rachaduras que põem em risco a segurança de 22 famílias que residem no Conjunto Habitacional Luíza Gomes de Medeiros, o Morada Nova, a notícia da demolição dos imóveis trouxe esperança para os moradores.
Nas últimas semanas, representantes da Caixa Econômica Federal visitaram individualmente os beneficiários que terão moradias demolidas. Nos encontros foram apresentadas propostas para solução do problema e chegada de um acordo entre a instituição bancária e os moradores.
Entre as propostas discutidas estão: indenização de R$ 20.000 à R$ 40.000 para cancelamento do contrato; destinação de um auxílio-aluguel no valor de R$ 550,00 até que os imóveis sejam demolidos e reconstruídos e a terceira alternativa em caso de recusa é que os moradores assumam a responsabilidade sobre os riscos a que estão expostos residindo no local em meio às condições estruturais.
A reportagem do Jornal Folha Atual buscou ouviu os beneficiários e saber destes qual sua avaliação sobre as propostas apresentadas. As respostas foram unânimes: aprovam a derrubada dos imóveis, porém desejam continuar morando no Morada Nova.
Um destes moradores é Rosângela Soares de Oliveira. Residindo há quase seis anos na Quadra 38/ Casa 07, na companhia do esposo, Rosângela explica que sua casa já passou por cinco reformas e logo após a conclusão dos reparos as rachaduras voltaram a aparecer. Ela frisa que não pensa em sair do residencial e que na sua opinião aceitar o auxílio-aluguel até que a casa seja construída novamente é a solução mais viável.
“Para nossa família o auxílio-aluguel é a opção mais viável, pois estamos vivendo apenas com um salário e se aceitarmos a indenização, os quarenta mil reais não compra uma nova casa. O tanto de dinheiro gasto em reformas aqui já teria construído uma casa, pois com uma semana depois as rachaduras voltam a aparecer”, disse a moradora.
A viúva e dona de casa, Maria de Jesus da Rocha, mora há cinco anos com os seis filhos no Morada Nova. Ela argumenta que aceitar a indenização sugerida é perder a casa própria, já que a quantia de R$ 40 mil é insuficiente para comprar um terreno ou dar a entrada em uma nova residência.
“Eu desejo que construam uma nova casa. A calçada já caiu e recebemos ajuda com uma pequena reforma, mas tá ruim a situação. Eu mesma com meus poucos recursos fiz uma reforma aqui. Eu não quero sair daqui, não quero uma indenização e perder a minha casinha”, frisou Maria de Jesus da Rocha.
Maria de Jesus Rocha
“Eu não vou procurar outra casa e morar longe da minha família!”
A aposentada, Maria Firmina Ferreira, que reside há cinco anos na Quadra 52/ Casa 01 enfatizou que não deixará o Morada Nova, pois é no residencial que grande parte da família reside.
“Eu não tenho medo de morar aqui não com as rachaduras. Eu não quero que derrube minha casinha de jeito nenhum. Eu sou doente, quase cega e é aqui onde mora minha família. Eu vou morar num lugar onde não tenho família?”, questionou a aposentada.
Diagnóstico que justifica a demolição
O coordenador da Defesa Civil de Picos, Oliveiro Luz, que acompanha o drama das famílias que residem no Morada Nova desde 2013, mencionou que um dos principais fatores para o aparecimento das rachaduras é a condição do solo que não foi bem compactado. Segundo relatório produzido pela Defesa Civil, 22 casas correm risco eminente de desabarem já que a estrutura está comprometida.
“Agora no mês de abril nós acompanhamos a equipe da Caixa no início da revisão, levando um termo de notificação para os moradores das referidas casas, informando e verificando com os moradores sobre a demolição. As casas apresentam rachaduras horizontais o que é mais grave, pois compromete a base. Felizmente como as chuvas não tem sido tão pesadas tem evitado problemas mais graves”, explicou.
A última vistoria realizada pelo órgão no residencial foi em 2017, onde 50 moradias populares foram visitadas.