A Quaresma, período de 40 dias em que os cristãos católicos se preparam para a Festa da Páscoa, para a caridade e reflexão litúrgica, é também tempo para abstinência de prazeres humanos. Um deles e que faz parte do ritual religioso milenar é a suspensão do consumo de carne vermelha nas refeições durante as quartas-feiras e sextas-feiras santas.
A prática comum simboliza fé e fortalecimento espiritual. No entanto, existem fiéis que renunciam tais prazeres em sinal de agradecimento por milagres alcançados e/ou mesmo pela harmonia familiar.
O médico veterinário, Fagner dos Santos de Moura, de 25 anos, há dois anos decidiu abster-se de carne, ingestão de bebida alcóolica e refrigerante durante os quarenta dias da Quaresma. A renúncia praticada pelo médico veterinário foi motivada por um milagre divino que ele atribui a recuperação da saúde dos seus pais.
“A motivação partiu de uma graça que minha mãe e meu pai adoeceram e pedi a Deus a restituição da saúde deles. Escolhi este momento porque foi um momento de provações e abdicações que Jesus passou, situações de provação que também tive de enfrentar com a doença dos meus pais”, afirmou Fagner Moura.
Fagner Santos
“Esse é o tempo que eu tiro mais pra agradecer e que sou dele [Jesus]”
O médico veterinário disse que nesse período procura também estar mais próximo de Deus e praticar a caridade em que na Sexta-Feira da Paixão o mesmo realiza doações de cestas básicas para famílias carentes em Picos.
Quem também faz do jejum de carne vermelha, uma prova de fé e de gratidão, é o jornalista picoense Marcos Valério. Há 12 anos, o jornalista deixa de comer carne vermelha na Quaresma e ressalta que enquanto viveres a tradição será mantida.
“Venho de uma família católica, praticante das tradições cristãs. Participamos de toda programação que faz parte do calendário católico e no período da Quaresma deixamos de comer carne nas quartas-feiras e sextas-feiras. Busco viver este momento intensamente com reflexões, a prática da caridade”, afirmou Marcos Valério.
Para a Igreja Católica a abstinência de carne vermelha não é apenas penitência, mas uma ruptura com o pecado. Esta ideologia é defendida pelo pároco da Igreja São José Operário, Padre Francisco de Assis, que reforça o exercício da penitência como aversão ao mal e repugnância às más obras cometidas pelo homem, transformando o coração do cristão.
“A abstenção de carne mais que uma tradição da Igreja é um exercício espiritual do qual todos os cristãos católicos estão orientados a realizá-lo. Todos os fiéis, cada qual a seu modo, estão obrigados por lei divina a fazer penitência. O exercício de abstinência tem como finalidade reorientar radicalmente toda nossa vida ao retorno, a uma conversão para Deus de todo nosso coração”, concluiu o pároco.
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Pe. Francisco de Assis