O auxílio para o transporte dos pacientes que fazem hemodiálise no município de Picos está atrasado desde setembro de 2017. Como esse benefício é voltado para as famílias carentes que moram em outras cidades, os pacientes estão correndo o risco de não poder dar continuidade ao tratamento. O Folha Atual esteve no Instituto do Rim no bairro Conduru e acompanhou de perto o drama vivido por essas pessoas.
Segundo o aposentado Valério José de Carvalho, 71, natural de Paulistana, localizado há 147 km de Picos, o atraso no auxílio está fazendo falta, pois ele tem de se deslocar três vezes por semana para fazer a sessão de hemodiálise, rotina que se repete há 11 anos. A passagem custa em torno de R$ 35,00, o que tem tornado inviável o deslocamento.
Valério José de Carvalho
O drama se agrava porque o tratamento não pode atrasar. A máquina de diálise substitui os rins que pararam ou estão funcionando muito pouco. Com o atraso, as pessoas que vem a Picos semanalmente não estão conseguindo pagar a passagem, o que resulta no acúmulo de dívidas.
O auxílio é feito para os pacientes através da IX Coordenação Regional de Saúde de Picos, e os recursos são oriundos dos Governos Federal e Estadual. Os pacientes apresentavam as passagens e o depósito era feito em suas contas.
Também natural de Paulistana, o aposentado Mariano Teixeira Almondes, 74, faz o tratamento há 24 anos. Ele comentou que toda semana os pacientes tem recebido a promessa de receber o benefício de volta, mas isso não se concretiza. “Nós precisamos comprar remédio, almoçar, pagar o carro, é desse jeito a dificuldade”, lamentou.
Mariano Teixeira Almondes
Enquanto estávamos no local o senhor Valério José de Carvalho sofreu uma queda de pressão e teve de ser socorrido. Ele havia relatado que às vezes não almoça porque não há dinheiro para fazer a refeição antes de voltar para casa.
Além de Paulistana há pacientes dos municípios de Acauã, Queimada Nova, São Francisco de Assis.
Nossa equipe foi até a IX Coordenação Regional de Saúde, que fica localizada no bairro Ipueiras. A gerente Raimunda Marival Silva Araújo não se encontrava. Fomos informados que o repasse para os pacientes deixou de ser realizado em Picos e agora deve acontecer a partir da Secretaria Estadual de Saúde (SESAPI), em Teresina. Essa modificação se deu porque a unidade local é considerada uma gestora, e não uma executora. No entanto, não obtivemos resposta sobre o motivo para o atraso.