Domingo, 06 de Outubro de 2024

Movimento umbandista de Picos busca reconhecimento

Publicado em 20/05/2013
Por Jailson Dias
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Dona Jandira dirige cultos Umbandistas em Picos/Jailson Dias

Estudo monográfico realizado pelo jornalista recém formado Francisco das Chagas de Sousa, o Chagas Sousa, intitulado: “A divulgação da Umbanda como cultura religiosa na imprensa picoense” aponta a existência de pelo menos 30 centros umbandistas distribuídos pela cidade de Picos. Hoje, os praticantes dessa religião buscam reconhecimento como um movimento cultural que ganha espaço a cada dia, semelhante ao que acontece a outras religiões.

Francisco das Chagas disse ter sentido inicialmente uma certa resistência para com o seu trabalho uma vez que o número de praticantes da Umbanda em Picos não é uniforme, ou seja, há uma variação, destacando que um umbandista geralmente também é católico. “Muitas das pessoas que são umbandistas temem ainda responder que é umbandista”, explicou o jornalista fazendo alusão ao preconceito que ainda pode ser verificado na sociedade brasileira.

O jornalista diz que faltam políticas públicas voltadas para os praticantes dessa religião na cidade de Picos, em especial o reconhecimento do movimento como  traço cultural marcante da sociedade brasileira. “A defesa da Umbanda como cultura religiosa foi exatamente trazer para sociedade que os umbandistas não são essas pessoas más como é pregado por alguns”, explicou.

Praticante dessa fé desde criança, Joanira Maria da Silva, mais conhecida por dona Jandira, 59 anos, explica que a Umbanda trata-se de um “culto afro-espírita” não havendo uma unificação das práticas religiosas pelo país afora, embora a finalidade seja a mesma.

“Chamam de macumba, que isso não existe, não é macumba, simplesmente a Umbanda Sagrada representa o povo espírita, como nos outros estados cultuam do jeito que quer, na Bahia é candomblé, aqui no Piauí é a Umbanda Sagrada, que conhecemos em livros, e no Maranhão é chamado de Catimbó, mas pra mim o Espiritismo é luz”, enfatizou.

Preferindo a expressão “dirigente de culto” ao invés de “mãe de santo” a dona Jandira cita alguns exemplos de santos católicos que são cultuados na Umbanda, na maioria das vezes com outros nomes, dentre eles: Iemanjá, que corresponde a Nossa Senhora, Santa Bárbara, a Rainha dos Trovões, dentre outros. “Cada santo da Igreja Católica - nós também somos católicos - cada santo tem uma referência, por exemplo, Pai Xangô é São Jerônimo”.

Dona Jandira se diz feliz por ter visto o Papa Francisco abençoando todas as religiões, entendendo nisso um pouco do reconhecimento que tanto espera.

Quanto às celebrações, dona Jandira explica não haver uma uniformidade entre as tendas espíritas, ela, por exemplo, informa não utilizar tambor em seus trabalhos, buscando principalmente a cura, oportunidade em que atende as mais distintas pessoas, desde as mais humildes até aqueles mais abastados da sociedade, empresários e políticos. No entanto, alguns preferem não se identificar publicamente como umbandista ou frequentador de um centro espírita.

Hoje, dona Jandira diz sentir falta do reconhecimento igualitário com as demais religiões, além de esperar que as políticas públicas cheguem aos praticantes da Umbanda. Um das medidas mais esperadas é a criação de um Centro de Apoio Espírita que teria por função primordial acolher as pessoas que viriam de outros estados participar de eventos relacionados a religião Umbandista em Picos. “O umbandista precisa de apoio também”, finalizou.

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