Após deslizamento de terra, moradores abandonam casas no Morro da Mariana

Cerca de 20 famílias que residem no Morro da Mariana, em Picos, estão vivendo momentos de terror com a chegada do período invernoso. Isso porque, a parede de arrimo que protege as residências começou a desmoronar devido ao grande volume de água oriundo das chuvas.

A situação se agravou na precipitação pluviométrica da última sexta-feira (06) em que um deslizamento de terra soterrou o muro de uma residência localizada na Rua Três de Maio. Em outro trecho da via, uma motocicleta que estava estacionada foi levada morro a baixo com o deslizamento. O risco de uma tragédia maior fez com que duas famílias abandonassem suas casas.

Residências fechadas

O segurança, Wiliam Sousa, que morou no local por 12 anos, foi uma das famílias que deixou o Morro da Mariana. Após ter sua motocicleta levada pelo deslizamento, Willian que é casado e pai de dois filhos se mudou para o bairro Boa Sorte, onde atualmente paga aluguel.

“Mesmo sabendo do risco investi aqui pelo valor do terreno, pois somos uma família de classe média e não temos condições de comprar terreno em um lugar melhor. Há alguns anos atrás sempre existiam as manutenções em cima do morro, equipes vinham fazer o concerto dos paredões devido as infiltrações. Nessas últimas gestões o morro ficou abandonado. Sai daqui sábado e tive que alugar uma casa no bairro Boa Sorte”, afirmou o segurança.

“Se eu estivesse no quintal quando parte do morro desceu, nem estaria hoje viva”

A desempregada, Marinete Oliveira, que teve o muro soterrado pela terra que desceu do morro na chuva da última sexta-feira (05), explicou que devido a situação de risco tem dormido na casa de vizinhos, temendo que a casa seja destruída por um novo deslizamento de terra.                                                                   

“Caiu o paredão da casa inteiro em cima do meu muro. Ainda há uma fossa que a qualquer hora pode descer, está tudo cheio de terra, ninguém passa. Não posso mais dormir em casa porque é capaz de no outro dia está morta”, lamentou a moradora.

A manicure, Audinina Aldenora da Conceição, enfrenta o mesmo problema  e sem ter condições financeiras para alugar um imóvel tem permanecido no local.

“O morro está descendo é todo. O paredão caiu e a calçada da minha casa está rachando e afundando. O Corpo de Bombeiros veio aqui  e pediu pra eu sair da casa. Eu disse para eles que eu não tenho pra onde ir. Quando começa uma chuva eu fico sem dormir nada, com muito medo”, frisou a manicure.   

O risco de deslizamento atinge as Ruas Três de Maio, São Cristovão e Santiago. Moradores relataram que procuraram as autoridades competentes, mas até agora nenhuma medida foi tomada.

Problema é antigo

O coordenador da Defesa Civil de Picos, Oliveiro Luz, afirmou que no momento a Prefeitura não tem como realizar ações devido a precária situação financeira do município. A orientação é que os moradores abandonem seus lares e aguardem o benefício do aluguel social.

 “As pessoas construíram em locais impróprios, infelizmente a prefeitura não tem condições de fazer nenhum muro de arrimo. É muito caro e para fazer algo que não preste é melhor deixar como está. Minha orientação é que as famílias procurem locais seguros”, disse o coordenador Oliveiro Luz.