Sexta-Feira, 11 de Outubro de 2024

Debate sobre projeto que proíbe “Ideologia de Gênero” nas escolas não avança e será posto novamente em votação sem alterações

Publicado em 07/07/2017
Por Jailson Dias
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Reunião sobre projeto do vereador Chaguinha/Jailson Dias

Na manhã desta segunda-feira, 11, o vereador Francisco das Chagas de Sousa, o Chaguinha (PTB), recebeu representantes dos movimentos sociais, estudantes, professores e da Pastoral Familiar Diocesana, para debater o projeto de sua autoria que proíbe a inserção de qualquer disciplina sobre “Ideologia de Gênero” nas escolas públicas e particulares do município de Picos.

A reunião aconteceu sala da presidência da Câmara Municipal, e após três horas de debate, não houve consenso entre defensores e críticos sobre quais alterações poderiam ser realizadas no projeto, então ele será reapresentado sem alterações para votação na próxima sessão do poder legislativo, que deve acontecer na quinta-feira, 14.

O projeto já havia sido votado e aprovado em primeira votação no dia 30 de novembro. Ele deveria ter sido votado novamente no último dia 07, mas após o pedido de “vista” pelo vereador Wellington Dantas (PT), foi retirado de pauta para que houvesse o debate.

O vereador Chaguinha informou que se chegou a conclusão que o projeto não “não fere nenhum direito”, apesar do pensamento em contrário por parte de algumas pessoas que participaram da reunião. O parlamentar reiterou que a sua proposta é “uma ação preventiva”, com o fim de evitar que qualquer disciplina relacionada a sexualidade ou gênero seja discutida entre o 1° e 9°  anos, quando as crianças estariam mais suscetíveis a influências externas.

“Pra evitar isso, que essa discussão passe a ser a partir do Ensino Médio, ou da universidade, onde tem uma abertura para o debate em maior profundidade, e esses adolescentes e pré-adultos já estejam inclinados a expressar a sua opinião”, declarou.

A favor do projeto

A coordenadora da Pastoral Familiar da Diocese de Picos, Yonara Gouveia, comentou em entrevista, que a intenção da pastoral não é manifestar preconceito contra pessoas que se declaram homossexual, mas discutir como o debate está sendo inserido na escola. “Os próprios livros didáticos já colocam, algumas escolas já extinguem a questão do banheiro masculino e feminino, então percebemos que não existe um conceito do que seja gênero, então entendemos que não podemos colocar as nossas crianças a essa influencia do que não é certo”, declarou.

Coordenadora da Pastoral Familiar, Yonara Gouveia

Yonara Gouveia disse entender que essa temática deve ser debatida pelos pais, em família, mas não como uma disciplina escolar. “Claro que o aluno confia em perguntar determinados assuntos a um professor, essas discussões são válidas, mas que não sejam impostas como disciplina”, finalizou.

Contra o projeto

O professor de História da rede estadual de Educação, Maurício Martins, declarou que não se chegou a um consenso sobre o projeto devido a postura ideológica adotada durante o debate. Ela enfatizou que a discussão descambou para Comunismo, Karl Max, dentre outras temáticas em voga na Internet.

Segundo Maurício Martins a proposta dos movimentos sociais era retirar o projeto definitivamente de votação, por ser este formado por artigos que proíbem a disciplina de “Ideologia de Gênero”, que não existe. “E também consta que é proibida a discussão da Ideologia de Gênero e tudo o que ataque a constituição de homem e mulher, é a reprodução de um pensamento antigo”, declarou.

Professor Maurício Martins

Segundo Maurício os movimentos representativos provavelmente procuraram o Ministério Público para tomar medidas contra esse projeto caso ele seja aprovado. “A gente não pode deixar aleijar o ensino em Picos por causa de uma questão religiosa, e um professor que está em sala de aula vai receber um processo, vai ser ameaçado de demissão?”, indagou.

 

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