Quinta-Feira, 24 de Abril de 2025

Educação enferruja por falta de uso

Publicado em 10/05/2013
Por Jailson Dias
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                                                                                                *Por Graça Moura

A frase acima é o final de um excelente artigo de domínio público, sobre ELEGÂNCIA. Achei-o tão interessante, “coube tão bem dentro de mim”, concordei tanto com o que nele estava escrito, que não resisto à tentação de referenciá-lo, reverenciando-o.

Após a leitura do mesmo fiquei a pensar: e se existisse uma escola que ensinasse às pessoas sobre essa elegância? É claro que sei que exatamente por ser difícil de ser ensinada, essa elegância está ficando escassa, difícil, rara.

Estamos nos referindo a um outro tipo de elegância. Da elegância de SER, que se sobrepõe à elegância do TER.   Da elegância do comportamento.

A “elegância desobrigada” como diz o autor do artigo. A elegância que vai além das belas vestes, que vai além, mas, muuuuito além, do belo porte físico, impecável aos olhos do mais severo crítico do mundo da moda. A elegância que não precisa de holofotes, nem de repórteres, e muito menos de fotógrafos por perto. Uma elegância que dispensa  acessórios fúteis, que vai “além do cuidado com o uso dos talheres”, e gestos ensaiados.

E dentro dessa ótica quais são as pessoas verdadeiramente elegantes?

Graças a Deus que elas existem, e não são poucas, felizmente. Conheço uma infinidade delas. Deixo de citá-las aqui por duas razões: o espaço que disponho, seria pequeno e depois, correria o risco de ser injusta, omitindo algum nome.

Também para mim, são o supra-sumo, must, chic, enfim, ELEGANTES:

As pessoas que estão mais habituadas a edificar, sugerir e agir do que a criticar.

Você já parou para pensar que as críticas não limpam ruas, não despoluem os rios, não constroem casas, não freiam a violência, não salvam casamentos, e o que é pior, não melhoram em nada a qualidade de vida de ninguém? É claro que não incluo aqui os que criticam construtivamente, até porque as críticas estribadas no bom senso, partem, via de regra, de pessoas elegantes!

São elegantes os trabalhadores responsáveis, assíduos e pontuais e comprometidos com suas funções. São elegantes os que não gritam nem humilham os  outros,  só  porque  têm  gordas  contas  bancárias e dirigem carros luxuosos ou ocupam posições de destaque em cargos privilegiados.

Retribuir gentileza com gentileza, carinho com carinho, atenção com atenção, são gestos elegantes, sem  sombra de dúvida.

Também são elegantes os que escutam mais e falam menos. E quando precisam falar, não fazem fuxicos, nem intrigas, nem mexericos e futricas, e muito menos maldades para serem ampliadas no boca a boca pelos fofoqueiros de plantão, que são, diga-se de passagem, (além de deselegantes) dignos de pena e compaixão.

Dizer Bom-dia, Boa-tarde, Boa-noite, Como vai? Desculpa, Por favor, Com licença, Obrigada, é sempre muito elegante.

Rir também é elegante (e faz muito bem). Mas, cuidado com os sorrisos de “prástico”, (como diz o David Mendonça).

São elegantes os profissionais de vendas que atendem respondendo com um sorriso na voz, quando não são naturalmente risonhos.

Elegante é também o profissional de atendimento que aprende que o cliente que tem diante de si, é um ser humano que mesmo que não expresse elegância no comportamento, merece receber a elegância do seu.

Por fim, como bem diz o autor do artigo: “Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece e quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.”

Importante lembrar que nariz empinado, arrogância e sobrenome, não substitui a elegância do comportamento, a elegância do gesto.

Que tal desenvolver em nós, essa elegância desobrigada? Penso que vale a pena, até porque a consequência natural será o convívio saudável e a caminhada a passos firmes em direção à difícil mas, possível arte do bom relacionamento. E, nós sabemos: educação enferruja por falta de uso.

Vamos lá, juntos?        

 

*Graça Moura é psicóloga, formada pela Universidade Federal de Pernambuco

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